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Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

Metrovisão no Governo, precisa-se

10 de março de 2020
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Aparentemente, há um consenso nacional e internacional (Trump, Bolsonaro e outros à parte) sobre a necessidade de inverter decisivamente o consumo de combustíveis fósseis e a emissão de gases com efeito de estufa. Um dos principais produtores desses gases e consumidores de combustíveis derivados do petróleo, em contexto urbano, são os transportes rodoviários, individuais, colectivos e de mercadorias.

Quando se diz que aparentemente muita gente concorda, em Portugal designadamente, baseamo-nos na asserção de que quem faz discursos sobre a matéria, a inscreve em programas eleitorais e programas de governo, quer prosseguir um rumo diferente. Ou não ?!... Citemos o portal do governo: “O Primeiro-Ministro António Costa sublinhou que «as alterações climáticas constituem o mais importante desafio político, social e económico do século XXI», no seu discurso no debate quinzenal na Assembleia da República.

O Primeiro-Ministro acrescentou que «Portugal é um dos países da União Europeia que mais será afetado pelos efeitos das alterações climáticas, na erosão costeira, nos riscos da subida do nível das águas do mar, de desertificação, de incêndio florestal». Para reduzir a dimensão destes fenómenos precisamos de «limitar o aquecimento global a 1,5°C», o que «requer uma transformação sem precedentes das sociedades».

Portugal quis «dar o exemplo» e foi «o primeiro país no mundo, em 2016, a assumir que iria ser neutro em emissões carbónicas no ano de 2050», tendo, no Conselho de Ministros de 6 de junho, sido «o primeiro país a concluir e aprovar o seu roteiro para a neutralidade carbónica».”

Perante tão grandiloquentes e apaixonadas declarações primo-ministeriáveis, pergunta-se como pode, responsavelmente, um governo dizer o que diz e depois pretender executar uma ridícula e improdutiva linha circular no metropolitano de Lisboa e deixar por fazer a imediata ligação do metro a Loures e Sacavém, tendo em vista a sua expansão futura até à Venda do Pinheiro e Vila Franca de Xira na próxima década ?

Trata-se de falta de visão, de demagogia ou compromissos com interesses particulares em Lisboa? É evidentíssimo que o Metropolitano tem de ir rapidamente para onde faz falta e onde a sua implementação faz verdadeira diferença para reduzir substancialmente a emissão de CO2, reduzindo o consumo de produtos petrolíferos e melhorar o desempenho da economia com redução das importações do petróleo.

O Governo precisa de Metrovisão urgente para que o país não desperdice a oportunidade histórica de avançar com o metro para Loures e Sacavém e a oportunidade de cumprir as metas ambientais a que se anda a comprometer e que não são passíveis de atingir apenas com discursos.

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