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Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

Baixa de Sacavém, Trancão e Sifão

8 de abril de 2019
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Em boa hora, a Associação de Defesa do Ambiente de Loures (também é defensora do Património) suscitou as suas dúvidas – que se calhar muitos de nós partilham – sobre o estado de acompanhamento e conservação que a EPAL dedica a um elemento simbólico central da cidade de Sacavém e de um dos pioneiros sistemas de abastecimento de água potável à Capital.

De facto, quem olha para a Ponte-Sifão que atravessa o Rio Trancão, elemento patrimonial significativo do denominado Aqueduto Alviela, propriedade e sob responsabilidade funcional da EPAL, mas também para a conduta metálica que lhe é paralela e que tem também o fim de abastecer Lisboa a partir de Castelo de Bode, que julgo pertencer ao subsistema Aqueduto Tejo, apresentam um aspecto pouco condizente com preocupações correntes de manutenção.

O assunto tem relevância, na minha perspectiva, por duas ordens de razões:

A primeira é porque se desconhece se o Canal Alviela (e a ponte-sifão) estão ou não funcionais, se estão em carga ou desactivados. Seguramente as necessidades de manutenção serão diferentes num e noutro caso, mas as evidências apontam para que há muitos anos não seja objecto de qualquer intervenção de preservação, o que é susceptível de deterioração injustificada e perniciosa;

A segunda, mas não menos importante é que embora seja património detido pela EPAL, é património (invulgar) da Cidade de Sacavém, do Concelho de Loures e do país. Não pode, portanto, estar ao abandono – se for o caso, não pode degradar-se e não pode ser elemento nocivo para a imagem de Sacavém.

Bem se vê que a Praça da República em Sacavém apresenta um estado geral lastimoso. Desde os painéis publicitários espalhados a esmo até ao edifício em construção, do jardim decadente e parado no tempo às margens do Trancão sujas e descuidadas, desde um “centro náutico” abarracado e praticamente sem actividade até ao arremedo de terminal rodoviário, do posto de combustíveis ao caos viário, a Praça da República precisa de visão, arrojo e investimento de todos os intervenientes no espaço.

Para breve – julgo - estará o arranque das obras de requalificação – após a interminável demora do Tribunal de Contas e da contestação do Concurso Público em Tribunal – da baixa de Sacavém e a reconstrução e regularização do “caneiro de Sacavém” que muita demora e incómodos trará à vida na Cidade, mas depois disso, é preciso, definitivamente, que alguém pense e faça Cidade, porque não pode continuar ao deus-dará.

Desde logo, porque não está envolvida neste processo, é exigível à EPAL que faça a parte que lhe compete com o património que está à sua guarda. Que o mantenha, que o valorize e que o faça classificar. Certamente, os sacavenenses não permitirão que a EPAL continue a assobiar para o lado e a eximir-se às suas responsabilidades.

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