Fora do Carreiro
Que negócios andam aí?
7 de abril de 2024
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O Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML) foi aprovado em Reunião do Conselho de Ministros de 7 de Fevereiro no longínquo ano de 2002, portanto, completou já 22 anos. Esteve para ser revisto em 2011, o que “não prosseguiu por motivos de alteração do contexto macroeconómico nacional e internacional e de suspensão da concretização das infraestruturas de transportes”, informa-nos a CCDR LVT na internet.
O PROT tinha um erro grave no que ao Concelho de Loures diz respeito e não nos consta que em 2011 tivesse havido qualquer diligência de o corrigir, nem das estruturas do poder central, nem qualquer iniciativa do poder local. Como curiosidade, assinale-se que quer na finalização do Plano entre 1998 e2002 e em 2011, o cenário político nacional e local era dominado pelo PS. Na autarquia, presidia Carlos Teixeira que tinha Ricardo Leão como um dos seus vereadores. Nos governos, no primeiro período referido com António Guterres e no segundo com José Sócrates.
E qual é o erro grave que desde sempre tenho criticado ao documento ? A atribuição de vocação logística ao Concelho de Loures, à qual não tenho visto oposição, nem visão política para fazer mudar. Por aquilo que direi adiante, quer parecer-me que o PS na direcção do Município está a significar de novo um péssimo negócio para Loures e para as suas gentes.
Na minha perspectiva, a Logística é uma actividade de baixo interesse, porque significa a ocupação de vastas áreas territoriais com armazéns e contentores (coisas que já bem se conhece por todo o Concelho), enorme pressão nas estradas e artérias (O “Estudo sobre a Evolução da Logística na Área Metropolita de Lisboa” de 2021, diz-nos que 62% das mercadorias transportadas são-no em modo rodoviário) com efeitos nos fluxos de tráfego e na deterioração de pavimentos e das vias em geral, efeitos perversos de natureza ambiental, deterioração da paisagem, negação de oportunidades turísticas, baixa oferta de emprego, empregos precários e pouco qualificados.
E que negócios vemos nós em decurso? O regresso dos contentores à frente ribeirinha do Tejo, a transformação da COVINA em nova plataforma logística, a região demarcada do vinho de Bucelas a “plantar” contentores. As instalações da SEUR em S. João da Talha ao abandono enquanto nascem instalações idênticas frente ao Miratejo em S. Iria de Azóia.
Pelo que se impõem as perguntas: que negócios andam aí e o que vai o Concelho de Loures perder com esta estranha gestão do território, do ambiente e da nossa vida colectiva?