Fora do Carreiro
CANCRO URBANO?
2 de junho de 2024
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O mundo padece de problemas muitos significativos quanto ao ambiente, ao clima, a demografia, o militarismo e também quanto ao uso do território, quer seja rural, quer seja – em pior – urbano.
São alucinantes algumas das maiores urbes no mundo, como Delhi, na Índia, Shangai, na China, Dhaka, no Bangladesh, São Paulo, no Brasil, Cairo, no Egito, Cidade do México, no México, para citar. Aparentemente, nestas grandes metrópoles há uma problemática invariante: o tráfego rodoviário que a seu tempo é consequência de uma certa visão “civilizacional” e, também a seu tempo, uma atracção para o vórtice da artificialização da vida dos povos.
Atrevo-me, por razão da observação deste fenómeno moderno, que entope o tecido urbano, exaure os seus fluxos, contamina o seu ar, desperdiça o tempo de todos, que ocupa todos os espaços livres, que consume recursos familiares significativos, que exige quantidades crescentes para os movimentos pendulares da vida citadina, a apontar-lhe o epiteto de cancro urbano.
De facto, esta doença auto-móvel e auto-imune brotou de forma ostensiva, suga a vida à sua volta, domina o ambiente que a gerou e, o seu combate, só é possível com uma imensa vontade, uma transcendente competência e caríssimos antídotos.
São tais características e efeitos a curto e longo prazo que tornam incompreensível como pode a espécie humana ser promotora da sua própria agonia e tão irresponsavelmente displicente com o planeta que os progenitores dos últimos 100 anos se preparam para deixar aos seus filhos no decurso deste século XXI.
Tudo isto tem uma escala que nos pode parecer fora da nossa capacidade de acção, incontrolável e, quiçá, inconveniente, na ilusão de que vivemos numa era e em circunstâncias de desenvolvimento. Mas não, quer parecer-me. Se é verdade que individualmente será impossível reverter o assustador rumo que levamos, como comunidade, há muito que podemos fazer, obrigando a políticas diferentes das que estão a ser prosseguidas.
Não há alternativa decente, ou outro caminho que não seja a exigência de politicas de aposta nos transportes públicos e na limitação progressiva do transporte individual. O que vai Loures fazer para controlar o cancro que alastra?