Fora do Carreiro
Água, o que vão fazer?!...
3 de março de 2024
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Uma equipa de cientistas da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, revelou recentemente um estudo que alerta o mundo, uma vez mais, para o elevadíssimo risco de as correntes marítimas do Oceano Atlântico estarem a chegar ao ponto de colapso.
Qualquer distraído (ou os negacionistas) pode questionar o que tem isso a ver connosco, ao que será indispensável dar a resposta de que tem tudo a ver connosco e com a nossa vida, porque o sistema de circulação de correntes marítimas no Atlântico “modula fortemente o clima” nos países atlânticos, como Portugal. Mas não deveria ser necessário mais aviso nenhum para além daqueles que nós próprios podemos verificar com o empobrecimento dos solos no centro e sul do país e a falta de água que vai grassando um pouco por todo o lado e com a incidência já bem conhecida no Alentejo e Algarve.
A política agrícola comum (PAC) imposta pela União Europeia e a gestão nacional da agricultura têm sido um desastre absoluto e a gestão da água, das barragens e das águas doces subterrâneas uma catástrofe, ao que acrescem os devaneios turísticos (campos de golfe e quejandos), perdas de água monumentais na gestão das redes de abastecimento em baixa e a sobrexploração de poços e furos artesianos entre outros desgovernos.
A dimensão do problema e as suas razões efectivas, põem em evidência que não se reverte a situação apenas com a boa vontade individual de poupar água a lavar os dentes. É importante que todos participemos, mas é irrelevante pretender que seja a higiene oral a contrariar a tendência. Urge, portanto, um conjunto de políticas e medidas que coloquem no centro das preocupações as pessoas e, portanto, a água, enquanto recurso finito e indispensável à vida. É verdade para o país e é verdade em cada região e em cada autarquia.
Impõe-se que cada município combata os desperdícios de água, controle os seus recursos hídricos, assegure a qualidade da água para consumo humano e, sublinho e alerto, que constitua e defenda reservas estratégicas de água próprias.
É necessário aproveitar as águas das chuvas, construir represas, tanques e depósitos e, de acordo com a sua vocação, orientar os recursos hídricos para as práticas agrícolas, usos menos nobres (lavagens, etc), e consumo humano. Todas estas áreas precisam de uma estratégia local e investimentos dedicados. Não o fazer será provavelmente trágico, se não mesmo criminoso.