Opinião de Ricardo Andrade
#Portugalbem
4 de novembro de 2024
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Os últimos dias foram claramente marcados pelos eventos que todos conhecemos no que diz respeito a desordem pública e atitudes de profundo desrespeito pelos bens públicos e privados.
Com justificações variadas optaram, sabe-se lá quantas pessoas, por tentar criar o pânico e incendiar carros e autocarros, partir vidros e mais uns quantos “mimos”. Apregoaram-se mensagens de racismo, de esquecimento por parte da sociedade, de discriminação de anos e tudo quanto pudesse servir de motivo para o que, na verdade, não tem desculpa que é destruir tudo à volta e não criar bases sólidas para nada.
Porque os fins não justificam os meios. Porque não é razoável responder-se aos problemas com vandalismo. Porque não é justo tentar-se passar uma mensagem de descontentamento afectando fortemente os que não têm seguramente culpa alguma.
Colaram-se às populações residentes em certas áreas as imagens erradas. Criaram-se generalizações injustas fruto das atitudes de meia dúzia. Tentou-se dar a imagem de que o país estava numa qualquer guerra civil.
Tudo isto não serve a ninguém a não ser aos que queriam criar o pânico. Tudo isto não serve a ninguém a não ser aos que pretendem semear o ódio numa população tantas vezes apelidada de demasiado branda. Tudo isto não serve a ninguém a não ser a quem julga que é com rupturas que se une um país. No meio de tudo isto e depois destes actos injustificáveis, encontraram os seus autores um enorme aliado naqueles que nos deviam ajudar a relativizar e a recentrar... a comunicação social. Na sua ânsia de “informar”, na sua obsessão por “mostrar tudo”, caíram os órgãos de comunicação social na “esparrela” e empolaram tudo o que se passava dando palco a quem não o deveria ter e criando na população em geral um clima de medo que, pasme-se, era mesmo aquilo que os vândalos de serviço queriam criar e que os alimentadores de ódio queriam que acontecesse.
Por sorte ou por sentido de estado não tivemos reacções desproporcionais por parte de quem as poderia ter tido. Não tivemos forças de segurança descontroladas na reacção aos desacatos e não tivemos membros do Governo a caírem numa “sarkozização” e ninguém lembrou esses tempos em que Nicolas Sarkozy chamou alguns de “racaille” levando milhões a sentirem-se indignados pela generalização e outros a sentirem-se vingados.
Mas mesmo assim tivemos horas e horas de filmagens a sabe-se lá o quê e inúmeras tentativas de colar o que se passava neste nosso pais à beira-mar plantado a outros eventos por esse mundo fora como os que já referi antes no caso francês ou até, pasme-se, aos protestos pós-caso George Floyd nos Estados Unidos.
Sou daqueles que valoriza enormemente o papel da comunicação social. Sou daqueles que dá uma importância enorme ao trabalhos dos jornalistas. Sou daqueles que, todos os dias, se sente feliz por poder viver num país onde existe liberdade de imprensa.
E talvez por ser desses, me sinto triste quando vejo que o discernimento muitas vezes se perde quando estamos em situações em que os números das audiências são mais importantes do que as missões de passar mensagens e informação fidedigna.
É, no entanto, nesses momentos que mostramos, enquanto sociedade aquilo que queremos. Neste caso, se pretendíamos o caos e viver condicionados pelo medo ou se queríamos ser livres de tentar ver a floresta e não a árvore.
É nestes momentos que nos definimos enquanto povo e que demonstramos quais são as nossas verdadeiras “cores”. No caso, que deixámos bem claro que aqueles que nos pretendem levar em “cantigas do bandido” são mais fracos que a nossa verdadeira essência de procurar cuidar de quem precisa ao invés de ser desproporcional na resposta a quem deve ser sancionado por acções erradas.
No final das contas e neste mundo em que tantas vezes se aponta o dedo confesso que fico feliz pelo sentido de responsabilidade que os nossos governantes demonstraram e fico ainda mais satisfeito por, em pré-eleições autárquicas, ter constatado que a generalidade dos autarcas se comportaram como “adultos na sala” e não caíram no populismo fácil vindo de um lado ou de outro das trincheiras políticas deixando-me muito esperançoso de que tenhamos, em breve, um processo eleitoral autárquico marcado pela responsabilidade e pelo respeito e não por um conjunto de eventos que afastem ainda mais as pessoas dos políticos.
Em suma e no final do dia é motivo para escrever: “ #Portugalbem #Governobem #Autarcasbem #Portuguesesbem”.