Opinião de Ricardo Andrade
Exemplos!
3 de abril de 2023
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Neste momento em que sento para escrever confesso que não me sai da mente as cerca de duas horas que passei na noite de ontem.
Duas horas de um espectáculo enorme de qualidade mas, acima de tudo, pleno de momentos intermináveis de partilha. Cento e vinte minutos marcados por um dar e receber de parte a parte.
Sim, a noite de ontem ficará gravada como um dos bons momentos deste ano que ainda nem a metade chegou. Talvez, até venha a colocar aquela experiência como uma das melhores do ano.
Mas tenho que partilhar com quem me lê, que a minha mente passa rapidamente de apenas se focar no ontem para se perder em pensamentos no que aí poderá vir. E isso, meus amigos, é a vida. Uma sequência onde o passado e o presente são facilmente atropelados pelas expectativas do futuro.
Assistir à forma como o artista de ontem falou do seu passado e buscou, com mestria mas também com honestidade, abordar esse passado com altos e baixos e conseguiu encontrar, a dada altura, um sentido que fizesse com que o seu futuro falasse mais alto do que o que já tinha acontecido, é uma enorme lição de vida.
Obviamente que o mundo está cheio de histórias de vida com relatos de superação. Naturalmente que o nosso coração se enche quando assistimos a relatos de vitórias de um contra o mundo. Claramente que a maioria se identifica, num momento ou em outro, com registos personalistas de conquistas improváveis.
E penso que seja por isso mesmo que quando assistimos a algo que nos toca colectivamente nos percamos em pensamentos individuais que nos fazem identificar no dia a dia registos similares aos momentos que, em conjunto, vivenciamos.
É assim que me vejo como pessoa... como uma parte individual de um enorme colectivo de vivências onde nunca preciso deixar de pensar por mim e em mim para fazer parte de um todo. Olho e sinto, cada vez mais, que aquilo que posso dar enquanto um, pode ser imensamente útil para quem me rodeia. E essa, eventualmente, será a maior dádiva que posso ofertar não apenas nos grandes mas, acima de tudo, nos pequenos gestos.
Mas se é verdade que esta consciência do papel que posso ter me deixa um brilhozinho nos olhos, também a noção de que podemos estar a caminhar para uma sociedade mais egoísta e alienada me traz um aperto no coração.
Por isso não me canso de escrever que todos somos capazes de dar mais do que fazemos no dia a dia. Por isso insisto na ideia de que devemos sempre lutar contra o conformismo. Por isso não desisto desta luta titânica contra o adormecimento generalizado.
Se um é capaz então todos conseguimos. E essa é a maior bandeira que podemos abanar com o vigor de quem sabe que uma luta por valores e princípios só termina quando desistimos de nós mesmos e do mundo.
Então... não desistamos nunca, porque é em cada exemplo de resiliência que ganhamos mais fôlego para mostrar quem verdadeiramente somos e é em cada demonstração de resistência ao desânimo que conseguimos encontrar o rumo certo.