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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião de Ricardo Andrade

Descobertas

8 de março de 2023
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Durante anos a fio partilhei com o leitor, mês após mês, muitos dos meus pensamentos. Chegava aquela altura do mês e aqui nos encontrávamos,,, eu de um lado e cada um de vós do outro. Duas partes de uma conversa a dois tempos.
Sempre...ininterruptamente...sem parar.
Talvez por isso e ao não ter publicado aqui as linhas de Fevereiro fui abordado por vários dos que fazem o favor de me ir lendo durante anos a fio. Talvez por esse factor de previsibilidade ter desaparecido, por um mês, fui brindado com o carinho de que tinham dado pela minha falta.
Registei esse gesto bonito e tão em falta nos dias de hoje de mostrarmos a alguém que sentimos a sua falta. Anotei na minha mente que, tal como quem está desse lado faz parte da minha vida também eu faço parte de vossa.
Tal como em qualquer relação, a monotonia é sempre um dos maiores desafios. Tal como em qualquer relacionamento, a garantia de estar sempre lá é muitas vezes desvalorizada até ao dia em que se quebra.
Por isso pensei muito durante este mês de interregno. Por isso e na medida em que o tempo a correr desenfreadamente me deixou, reflecti bastante sobre o que seriam os próximos pensamentos e se ainda haveria espaço para, de forma regular, ir pintando com letras uma coluna neste projecto lindo que um dia foi desenhado para levar não apenas notícias mas também pontos de vista e ideias muitas vezes fora da caixa de quem, como eu, tem a veleidade de achar que tem alguma coisa para dizer para quem tem a paciência de me lêr.
Na loucura do dia a dia em que a minha vida se tornou no último ano, pensei inúmeras vezes no espaço que tinham os momentos em que deixava aqui correr a pena. Na lufa lufa de voltar a uma casa onde tinha estado faz largos anos, arranjei ainda tempo para pensar se fazia sentido continuarmos com esta história que criámos nas páginas de um jornal que apareceu como uma lufada de ar fresco num Concelho tão fantástico de massa humana mas altamente carente de uma Comunicação Social isenta e livre de amarras.
Sim... confesso que ainda não sei bem onde me levarão estas e outras linhas de escrita. Sim... admito que deixo para o imprevisto, o rumo que este espaço meu e seu tomará mês após mês.
E provavelmente essas são as maiores razões para não deixar de ocupar, aqui consigo, este lugar que pretendo seja sempre livre de tudo o que muitas vezes nos prende ao status quo. Decididamente esses são os maiores motivos para não abandonar os minutos que, dia após dia, construímos.
Esse é o compromisso que assumo... o de continuar esse caminho de descobertas sem saber exactamente onde elas me levarão. Porque, no final do dia, o que conta é o caminho e não o destino.

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