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João Pedro Domingues – Professor
João Pedro Domingues
Professor

Opinião de João Pedro Domingues

Turismo pós pandemia

5 de junho de 2020
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O turismo na região de Lisboa tem apresentado nos últimos anos um registo de desempenho a todos os níveis excelente. Para isso tem contribuído a qualidade das infraestruturas que se encontram disponíveis, bem como a excelente qualidade dos serviços prestados, que tem sido a grande alavanca para a consolidação da Marca Lisboa.

É reconhecido por todos o enorme impacto da atividade turística na economia da região, nomeadamente na criação de emprego e numa maior profissionalização dos destinos turísticos.

Mas é inegável que, particularmente no nosso país, e claro também na região de Lisboa, tem-se discutido, nem sempre da forma mais correta, o excesso do turismo e dos turistas na cidade e na região. Discute-se o facto de as cidades se estarem a desertificar, perdendo a população residente, em benefício do aparecimento galopante do alojamento local. O alojamento local, com uma dinâmica fortíssima (apesar das críticas a que tem sido sujeito), registou um aumento de 85%, gerando mais de 37% de receitas comparado com o ano anterior, e apresentando atualmente um número de quartos superior à hotelaria.

O turismo na região deixou de ser essencialmente um destino sazonal, passando a ser um destino para todas as épocas.

Lisboa, região, recebe cerca de 30% dos hóspedes totais do país, apesar do Algarve ser ainda a região com o maior número de dormidas, devido ao Sol e Mar que está associado a estadias longas.

Em 2018 a região de Lisboa recebeu 7,5 milhões de hóspedes, que se traduziram em 17,5 milhões de dormidas, e gerou mais de 14,7 mil milhões de euros. Ao nível do emprego a evolução foi francamente positiva, criando-se mais 201 mil postos de trabalho em relação ao ano anterior, onde já se tinha verificado um acréscimo de 191 mil postos de trabalho.

O turismo, para além de ter possibilitado a requalificação de muitos dos imóveis degradados e a requalificação de grandes espaços da cidade e de ter dado um forte incremento de ofertas sócio-culturais, representa já cerca de 20,3 % do PIB da região de Lisboa.

Após esta breve análise da importância do turismo na economia nacional e da região, somos obrigados a olhar para os efeitos do Covid e do modo como ele tem mudado os hábitos e os comportamentos de toda a população. A pandemia teve como uma das principais consequências a alteração profunda ao modo como o turismo era encarado.

O panorama não se apresenta para já muito animador. As companhias aéreas têm as frotas todas parqueadas, registando já algumas falências, a hotelaria e a restauração com fortes restrições (esperamos para ver quantas vão conseguir subsistir), e as agências de viagens têm cancelamentos diários.

Sabemos que a boa imagem que o nosso país tem revelado no combate à pandemia, a disciplina e o civismo demonstrados, podem ser uma importante ajuda para se voltar a criar a perceção de segurança tão fundamental para a retoma da atividade turística.

É fundamental para Portugal, e em particular para a região de Lisboa, reconstruir a confiança nos consumidores/turistas, criando as condições para que os mesmos regressem. Mas sabemos também, que não será fácil retomar uma conduta de normalidade que permita viajar sem receios e voltar a uma vida dita de normalidade.

Provavelmente, se nada de estranho voltar a acontecer, só em 2023 alcançaremos índices turísticos idênticos aos de 2019.

Nesta primeira fase, é primordial que se consiga atrair o turismo nacional. O mercado interno será de extrema importância, pois o mercado externo, nomeadamente o europeu, demorará um pouco mais a voltar ao que era antes.

É importante que o turista nacional seja incentivado a procurar destinos de proximidade, pouco massificados, que inspirem confiança e sejam explicitamente atrativos, em especial financeiramente.

A Área Metropolitana de Lisboa tem atrativos e ofertas que podem e devem ser potenciadas. Lisboa, Sintra, o Tejo, a Arrábida, o surf, e, em particular em Loures, com o enoturismo e a natureza, devem ser destinos a promover. E aqui, as Câmaras Municipais, a par das Entidades Regionais de Turismo devem ter uma importante palavra a dizer.

Conforme diz um slogan antigo, mas que hoje se apresenta como bem verdadeiro, este ano vamos fazer férias cá dentro.

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