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João Pedro Domingues – Professor
João Pedro Domingues
Professor

Opinião de João Pedro Domingues - Professor

Escolas com vida?

5 de julho de 2020
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Terminámos recentemente o ano letivo, que decorreu de uma forma completamente atípica.

A pandemia levou ao encerramento de todos os estabelecimentos de ensino, obrigando a permanecerem em casa cerca mais de dois milhões de crianças e jovens.

Como referiu o Ministro da Educação, este foi para a Europa, o maior desafio para os sistemas educativos no pós II Guerra Mundial.

Esteve, e continua a estar em causa, a constatação de que o modelo que vigorou no período da pandemia, o ensino à distância, evidenciou, e agravou nalguns casos, as desigualdades sociais que sempre existiram no nosso sistema educativo.

E estas desigualdades, ao contrário de serem atenuadas, foram ampliadas, no momento em que os alunos ficaram confinados, sem material informático ou sem disporem de internet, nomeadamente em muitas zonas rurais. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, com base nos números de 2019, haverá um universo de 50 mil alunos, até aos 15 anos, sem acesso a recursos educativos online.

Para além desta importante questão, ao ficarem em casa, muitos não conseguiram o apoio dos seus encarregados de educação, por os mesmos não disporem de formação para o efeito, tendo de recorrer a explicadores, o que permite concluir que nem todos os alunos progrediram à mesma velocidade.

Os professores, nesta fase, também sentiram muito as mudanças de procedimentos, pois nem todos têm o mesmo conhecimento das ferramentas informáticas e muitos, numa classe profissional muito envelhecida, estão a aprender ao mesmo ritmo dos seus alunos.

Assim, todos foram obrigados a avançar para o ensino virtual, mas de modo diferenciado, dado que as experiências de cada um eram distintas.

O ensino virtual, por todas estas razões, divergiu muito, consoante as escolas e as comunidades onde as mesmas estão inseridas.

Mas o ano letivo terminou, os alunos passaram por uma experiência diferente, uns de modo positivo outros nem tanto, e no futuro próximo todos esperamos que seja diferente.

Agora, com o fim da pandemia, tudo tenderá a voltar à “normalidade”, o que quer que isso represente.

Os alunos voltarão à escola e as mochilas começarão a andar carregadas.

Haverá testes diagnósticos nas várias disciplinas para se perceber o estado de cada aluno, estando a ser preparado um conjunto de matérias e de trabalhos, para que nas primeiras semanas de aulas recuperem e consolidem o que aprenderam no decorrer do ano letivo transato.

O Ministro da Educação referiu que os alunos com dificuldades terão respostas através de um programa reforçado de tutorias específicas.

Estas medidas são muito importantes, mas como irá iniciar-se, e como irá decorrer o próximo ano letivo, se se mantiver o estado de alerta que esperemos vigore no País?

Alunos com máscara? Com distanciamento social? Como será a permanência nos refeitórios e nos espaços de recreio e de convívio?

Para que isto aconteça teremos de reduzir o número de alunos por turma, dado que não é possível aumentar a dimensão das salas de aula?

A carga horária dos alunos será aliviada? Deixará de haver os designados “furos”?

Ou, por uma questão de prudência adotar-se-á um sistema misto, de ensino presencial e com aulas online?

Estas perguntas são pertinentes e exigem resposta atempada, e estou crente que o Ministério da Educação estará a trabalhar no sentido de encontrar as melhores soluções, em conjunto com todos os intervenientes no processo educativo.

Mas como normalmente a preparação dos anos letivos decorre no mês de julho, o tempo urge e setembro é já aí.

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