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João Patrocínio – Jurista
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Adega do Lagareiro

4 de novembro de 2024
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Entra o outono... cai a folha.
Mudam os aromas do ar e o seco do estio é humedecido pelo cheiro a chuva. É tempo de castanhas e água pé e, nesta zona saloia, de comer o atum de barrica.
E se lá fora tudo muda, aqui na Adega do Lagareiro tudo permanece igual.
A mesma qualidade, a mesma simpatia o mesmo gosto por bem servir.
Não é meu hábito repetir estabelecimentos, mas hoje justifica-se.
Este artigo de há 5 anos poderia ter sido escrito hoje, tal é a atualidade.
O “Lagareiro”, vem do Pai do atual proprietário, Hélder Capiro, e que assim era conhecido pelo seu ofício no lagar de Lousa, em tempos que antecederam o atual negócio familiar.
Na altura, a adega era explorada em conjunto com uma mercearia, noutro local bem perto do estabelecimento atual. Até esse espaço, vinha diariamente gente de Loures nos finais da tarde para petiscar as mais diversas especialidades sempre disponíveis. Mas era na abertura da água pé em novembro que se juntavam em grandes grupos.
Os clientes, que se iam tornando amigos, eram aqui e ali tratados carinhosamente por “mastronço” pelo proprietário da casa, que assim veio a herdar a alcunha pela qual, ainda hoje, para alguns é conhecida a Adega.
Este mês quis trazer-vos não só a água pé, mas também um verdadeiro pitéu que tradicionalmente é degustado no Dia de Todos os Santos na região Saloia. O Atum de Barrica.
Esta especialidade, historicamente resulta da ancestral conserva em salmoura das partes mais escuras e menos nobres do Atum. E porque aqui na Adega, nesta altura do ano, o servem divinalmente - acompanhado de couve portuguesa, batata cozida e cebola crua, tudo generosamente regado com azeite -, foi esse o meu almoço. Depois de me deliciar com esta iguaria, veio a “sobremesa” da época.
Um misto de figos secos, nozes e castanhas cozidas para acabar a água pé e que nos conforta de uma maneira única no final da refeição.
Diga-se que, conforto é a palavra certa para exprimir a comida da Adega do Lagareiro, já que a tradicional “cozinha de tacho” ali confecionada nos proporciona sempre essa mesma satisfação.
Ali tudo é bom e difícil de escolher. Destacamos a sopa da galinha, ou de rabo de boi, e ainda os pratos sazonais como as Favas ou o Ensopado de eiroses, mas também os regulares, Cozido à portuguesa, Cabidela de galinha ou Mão de vaca com grão, e ainda, outros pratos por encomenda.
Na Adega do Lagareiro encontramos um ambiente familiar e despretensioso, em que a qualidade e a satisfação do cliente estão sempre na primeira linha e onde a simpatia e disponibilidade da equipa nos faz sentir sempre vontade de voltar.

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