Ninho de Cucos
The Slow Show - Subtle Love
8 de outubro de 2023
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Os Slow Show, banda indie pop de Manchester formada em 2010 continuam, 13 anos depois, a ser uma daquelas pérolas escondidas, absolutamente amadas por uma minoria fiel à música emocional que produzem.
Quando lançaram o álbum estreia “White Water” em 2015, o quarteto (à data quinteto) de Manchester, foi comparado a bandas como os Elbow, The National, Cherry Ghost e Tindersticks.
Com mais discos lançados, amadurecimento e uma identidade própria tão vincada, acabamos por perceber que os Slow Show são mais que um “rip off” dessas legítimas referências e quem conhece a obra que fala por si, não pensa nem sente necessidade de qualquer comparação.
Na verdade as características mais pulsantes do grupo são o barítono rouco de Rob Goodwin, a preocupação com arranjos estruturados contributo do teclista Frederik Kindt e o cruzamento em sintonia dos géneros Folk, Pop e Rock.
Estas peculiaridades são marca nos quatro discos anteriores e continuam vivas no mais recente e quinto trabalho, “Subtle Love”, lançado no passado dia 22 de Setembro.
“Subtle Love” foi gravado em Belfast numa semana , pelo irmão do guitarrista Joel Byrne-McCullough, num momento intenso de convívio e companheirismo entre os elementos do grupo e teve como resultado 10 canções maravilhosas.
Se “Still Life” o trabalho anterior, havia sido uma prova de fogo superada com distinção numa altura de saída de uma pandemia que em dois anos consecutivos adiou as tours do grupo, “Subtle Love” é a afirmação de maioridade dos Slow Show e das suas músicas tão minimalistas quanto épicas, de ambiente atmosférico onde é possível no mesmo tema passarmos da fabulosa voz despida de Rob Goodwin a uma orquestração digna de um Philip Glass complexo.
Em ‘Tides’ e ‘Learning To Dance’ os Slow Show começam tímidos e posteriormente acrescentam intensidade pela voz de Goodwin com refrão orelhudo e encorpado.
‘One Shot’ é um belíssimo tema que se deixa conduzir por guitarras dedilhadas, violinos e sopros. ‘Trainride’ pisca o olho à eletrónica apesar da roupagem sonora que preza o acústico.
‘Pale’, uma das faixas mais melancólicas do álbum, é conduzida apenas pela voz de Goodwin no meio de um piano e violino discretos. A presença da voz feminina no intimista ‘Royal Blue’ é indubitavelmente a preceito.
O tom melancólico persiste e persistirá para sempre na obra dos Slow Show, há no entanto uma diferença realçada pelo próprio Rob Goodwin no concerto a que pudemos assistir na semana passada, no Porto, num esgotado Teatro Sá da Bandeira. É que se até agora o amor era retratado nas suas versões de perda e fracasso, agora é abordado pela via da esperança e do equilíbrio e essa é uma diferença enorme. Passamos de “Breaks Today”ou “Bloodline”, para “Learning to Dance” ou “Subtle Love”.
Um disco obrigatório para almas românticas.