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João Alexandre – Músico e Autor
João Alexandre
Músico e Autor

#vamostodosficarbem

O impacto do COVID-19 na música

5 de abril de 2020
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A propagação do coronavírus por todo o mundo no momento em que escrevemos este artigo é real e além do óbvio impacto na saúde, com um milhão de casos da doença e perto de 40.000 mortos, as implicações a nível económico são por demais evidentes e extremamente preocupantes. Bolsas em mínimos históricos, queda abrupta do petróleo e a crise do coronavírus, colocam meio mundo literalmente em casa.

Os investidores receiam e recuam perante o isolamento social decretado e esta limitação de interações sociais arrasa setores como o turismo e os tempos livres. Nas bolsas, as ações da gigante Live Nation, referência principal do mercado de música ao vivo, caíram 40% no espaço de um mês. Um pouco por todo o mundo, os concertos e festivais têm vindo a sofrer com a pandemia.

Nos Estados Unidos, destacam-se o cancelamento do South By Southwest (SXSW), importante montra internacional na área da música, cinema e tecnologia, e o adiamento do Coachella, que se realizará em outubro ao invés de abril, com todas as consequências que estas medidas provocam – no caso do SXW, por exemplo, não serão devolvidos os valores dos ingressos. A título individual, a história repete-se. Madonna cancelou dois concertos que tinha em Paris e os Pearl Jam uma digressão inteira nos EUA.

A lista estende-se a nomes como Green Day, Ben Harper, The National, Mariah Carey, Slipknot e Miley Cyrus, entre outros. Em Inglaterra o festival Glastonbury que comemorava este ano a sua 50ª edição com atuações previstas de Paul McCartney, Diana Ross, Kendrick Lamar, Coldplay, e Lana Del Rey, entre muitos outros, acabou por ser cancelado para desespero dos promotores tão empenhados nesta edição comemorativa 2020 e já com 135.000 bilhetes vendidos.

Em Portugal, o coronavírus levou ao reagendamento do Talkfest, o evento realizar-se-á em outubro ao invés de março, ao adiamento do Primavera Sound no Porto para setembro e ao cancelamento do Festival MIL – Lisbon International Music Network, a par do adiamento de eventos como o Revenge of the 90s.

Com o alastrar da pandemia muitos mais eventos, festivais, concertos, serão irremediavelmente cancelados ou na melhor das hipóteses, adiados. Festivais...só online! Em Portugal, os artistas que vivem da música fazem-no essencialmente à custa dos cachets dos concertos que realizam.

Não tardaram em fazer-se escutar, alegando a sua frágil situação, fruto dos cancelamentos dos seus concertos. Já para quem normalmente não faz ou não consegue vender espetáculos, abre-se de certa forma com este estado de sítio, uma oportunidade para divulgar os seus trabalhos pelas plataformas digitais, com mais ou menos imaginação e onde as suas criações musicais aparecem cada vez mais num formato individual em detrimento do formato banda, precisamente pelas razões do tal isolamento.

Enquanto a situação não normalizar teremos provavelmente os músicos mais focados no estúdio (por certo um home studio), sentados frente a um computador e placa de som, pontualmente emitindo os seus vídeos do momento para a web, inspirados ou não por esta terrível pandemia e o seu fim que todos desejamos, aconteça muito em breve. Sejamos decentes por favor! Fiquemos em casa!

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