Ninho de Cucos
Cassandra Jenkins - My Light, My Destroyer
4 de agosto de 2024
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Cassandra Jenkins nascida no seio de uma família de músicos em Nova Iorque, acaba de lançar, aos 40 anos, o seu 3º álbum de originais.
Recuando ao trabalho anterior “An Overview On Phenomenal Nature”, merecedor de assinalável destaque em 2021 (e um salto enorme relativamente ao seu pequeno disco de estreia lançado quatro anos antes), nele se revelava uma artista em abordagem new age pop ambiente, marcada pelo luto da perda do companheiro de tournée, David Berman.
Depois deste disco e acontecimentos, Jenkins pensou encerrar a sua carreira musical e foi com surpresa e em boa hora que anunciou em 2024, o regresso com novo álbum “My Light, My Destroyer”.
Convenhamos, “My Light, My Destroyer”, é um excelente álbum. Podemos até não lhe reconhecer aquela identidade conceptual, o foco e a direção musical de grandes obras-primas, no entanto este trabalho transmite uma evidente e revigorada energia criativa e a sua elegância musical é inquestionável. Isto tanto se aplica aos temas mais rock de guitarras cruas, ao jeito das influências que Cassandra Jenkins cita, como Tom Petty, PJ Harvey e os Radiohead (do álbum “The Bends”), como às músicas onde habitam os climas calmos e lânguidos que já havia explorado com sucesso no trabalho anterior, a remeter para os Blue Nile dos anos 80.
Do início ao fim da escuta deste disco há ainda 5 interlúdios, ou seja, dos 13 temas de “My Light, My Destroyer”, 5 deles não são propriamente músicas no seu sentido convencional.
E o que une então as canções deste disco? Sem dúvida o equilíbrio entre temáticas cósmicas e pessoais, entre o lirismo fantasioso e corações humanos verdadeiros mas sobretudo as guitarras, os arranjos de cordas, os sopros e os sintetizadores que tão bem “embrulham” a maravilhosa voz de Cassandra Jenkins, sem esforço nem gritaria mas igualmente sem o permanente sussurro através do qual muitas vozes femininas procuram hoje uma sensualidade forçada e artificial.
“Clams Casino” é uma jam onde Cassandra Jenkins brilha, ao mesmo tempo que brilha no modo pop ambiente mais suave de faixas como “Devotion”, “Delphinium Blue”, “Omakase”, a belíssima “Only One” e o final com “Aurora, IL” a melhor forma de fundir as tendências mais sonhadoras e rock com uma melodia country folk inspiradíssima.
Por agora, Portugal não consta das 13 datas europeias já confirmadas para a apresentação ao vivo de “My Light, My Destroyer”, um disco bonito de uma artista que merece bem o nosso tempo e escuta.