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Opinião
Florbela Estevão – Arqueóloga e Museóloga
Florbela Estevão
Arqueóloga e Museóloga

Paisagens e Patrimónios

Jornadas Europeias do Património Rotas, Redes e Conexões

7 de outubro de 2024
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No passado mês de setembro realizaram-se, uma vez mais, as Jornadas Europeias do Património, celebração promovida pelo Conselho da Europa e pela União Europeia e que agrega mais de 50 países, incluindo Portugal. As ditas jornadas pretendem promover a sensibilização dos cidadãos e das instituições para a importância do estudo e salvaguarda do património. Para tal, concretizam todos os anos um conjunto muito variado de atividades dirigidas a vários públicos e de acesso gratuito.
Anualmente, é selecionado um tema/ideia central, em 2024 as jornadas procuraram dar relevo às “Rotas, Redes e Conexões”. Todos os anos a programação é divulgada numa plataforma gerida pelo organismo que tutela o património em cada país associado ao evento, no nosso caso pelo Património Cultural Instituto Público. A título de exemplo, segue o link com a programação nacional referente a 2024: https://www.patrimoniocultural.gov.pt/eventos2/jep/2024 evidenciando o vasto leque de oferta associada a esta efeméride.
Ora, na sociedade global contemporânea é cada vez mais frequente ao nível das politicas culturais a procura de algo que possa distinguir uma região, uma cidade, um lugar sendo a cultura e o património uma “valia” indispensável. Uma das formas de promover o património, os territórios e as pessoas que o habitam é a implementação de itinerários diversos que embora possam estar agregados a um tema, com frequência esse tema serve de “chapéu” para uma rede de conexões de vária ordem e escalas que potenciam uma multiplicidade de experiencias.
A criação de rotas implica desde logo a criação de um percurso, selecionar os elementos a integrar, aos quais por sua vez se agrupam um conjunto de realidades que contribuem positivamente para a experiencia física da deslocação. No caso do concelho de Loures destaco quatro rotas consolidadas que atravessam o nosso território contribuindo para a criação de redes intermunicipais e até mesmo internacionais: Rota dos Vinhos de Bucelas, Carcavelos e Colares (https://enoturismo.pt/guia/rota-dos-vinhos-de-bucelas-carcavelos-e-colares), a Rota Histórica das Linhas de Torres (https://www.rhlt.pt/pt ), a Rota Memorial do Convento ( https://www.rotamemorialdoconvento.pt ); e Lisboa Romana (https://lisboaromana.pt ). Cada uma destas ofertas parte de um tema central, ao qual se associam outros pontos de interesse tão variados como o paisagístico, o gastronómico, o artesanato entre outros.
Na realidade, embora cada uma das rotas anteriormente assinaladas apresentem um percurso temático diferenciador entre si, simultaneamente potenciam conexões entre elas, pois não só diversificam a experiência, como podem permutar públicos e sinergias.
O visitante (pós) moderno quer ser imerso num conjunto de sensações, ideias, sugestões.
Assim, os processos de patrimonialização multiplicam-se. As rotas, os itinerários “fixam” determinados pontos no território, “fixam” - no fluxo vertiginoso dos nossos dias - lugares com significado, lugares de paragem, sítios de fruição. Mas, a “implantação” de redes num território implica também ações de consolidação e crescimento. É imperioso, que as entidades promotoras deste tipo de projetos dotem os mesmos de recursos humanos e financeiros essenciais à sua sustentabilidade.

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