Mel de Cicuta
Que o ano seja novo
4 de janeiro de 2021
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O ano passado, por esta altura, comecei o meu editorial assim: “Este fim de ano, em que mais uma vez passei com um grupo de amigos… como é a minha tradição… (já somos mais de 50 com os descendentes sempre a aumentar) fiz algo diferente. Ao invés dos habituais desejos para 2020, fiz os agradecimentos de 2019. A gratidão é algo importante e as passas não chegaram para agradecer a todos os que me ajudaram a ser feliz em 2019.”
Este ano o Coronavírus tirou-nos do nosso espaço de conforto e não me permite começar o texto no mesmo sentido. As tradições tiveram de ser reajustadas e reinventadas. Fomos impelidos a estar connosco mesmos e a repensarmos a nossa vida em todas as suas áreas. Fomos obrigados a viver os valores da saúde, do dinheiro, do trabalho, da família, da amizade de uma forma completamente diferente.
Tal como Carla Fernandes, psicóloga clínica, disse: ”A COVID pôs a humanidade a pensar na sua finitude e a saúde mental, sempre considerada como a parente pobre das doenças, assume o papel de protagonista nesta história viral. A COVID trouxe, para além do vírus, a constatação que afinal não se controla a vida, que o amanhã é incerto, que os planos futuros delineados poderão não se realizar.
Outro pensamento recorrente que surgiu, primeiro de forma subtil, mas que foi ganhando força conforme os números diários nos iam sendo apresentados, é que vamos morrer … somos finitos.”
A mortalidade aumentou como afirmam os dados do INE, mas apenas uma parte dela, a cima de tudo a hospitalar é justificável com o fator COVID, maior parte da mortalidade foi fora do hospital e ainda carece de justificação.
Na verdade, muita coisa sobre 2020 ainda carece de justificação.
O ano passado, por esta altura, terminei o meu editorial assim: “Lembrava apenas que a felicidade individual depende em grande medida de nós, e não de outros, nem de nenhuma variável exógena.
Como dizia Picasso, «Que a inspiração chegue não depende de mim, só posso assegurar que quando ela chegar me encontre a trabalhar». Por aqui é o que vamos continuar a fazer, por nós e por vós.”
A todos, um grande 2021 e nós por cá vamos continuar em busca de respostas para as vossas dúvidas.
PS: Este artigo é estupidamente escrito com o novo acordo ortográfico.