Editorial
O Coração é elástico
2 de julho de 2023
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Contaram-me uma vez uma história de como o coração pode ser elástico…
Cabe sempre mais alguém. Novos amigos, novos amores, novos hobbies, novos livros… A parte interessante disto é que é um elástico sem limites.
No coração de uma mãe e de um pai cabe mais um filho, mais dois… mais seis…
Quando uma criança, filha única, vai ter um irmão ou irmã, explica-se muito facilmente que o coração é elástico porque cabe mais um bebé.
Numa chegada a um novo emprego cabem mais pessoas, mais dinâmicas, rotinas.
No coração de uma tia cabem os filhos dos irmãos e os filhos dos amigos que amamos como se fossem família. Há sempre espaço. Sempre.
Quando entramos numa relação amorosa cabe a família do outro, com todos os defeitos, desafios e qualidades que nos contagiam. Mesmo quando não engraçamos com alguém. Especialmente quando não “vamos à bola” com eles, porque se nos perturbam é porque ocupam um determinado espaço. E também fazem parte.
Quando há uma perda pode contrair-se de novo e adaptar-se a uma nova forma.
Há vezes em que a perda é substituída por uma dor, que também ocupa esse vazio, mas até esse “deformar” estica o nosso coração até que sejamos capazes de fazê-lo regressar à forma de duas metades iguais, em que há o equilíbrio do dar e receber, o símbolo universal do amor.
Sejamos adaptáveis, sem medo da entrega, com espaço para mais alguém que venha por bem e sempre com a confiança que não rasga, não parte, não transborda.
Aconchega.
Chega.
E chegará, sempre, para os mais que vierem.