Editorial
O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo
4 de junho de 2023
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No outro dia vi um filme, uma curta-metragem de animação, com mensagens muito bonitas e profundas. Estava a ver acompanhada de uma criança de 5 anos e esta comoveu-se um pouco. Não sei bem se hoje em dia as crianças só vêm princesas encantadas e dragões que são derrotados no fim, ou se o filme pode mesmo ser considerado “pesado” aos olhos de uma pequena em idade pré-escolar.
O filme, baseado no livro de Charlie Mackesy chama-se “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo” e os quatro vivem uma amizade improvável.
A Toupeira “via” bolo em tudo. Nas árvores, nos rios… Fatalmente, nada era bolo.
A Raposa estava esfomeada e queria comer a Toupeira, mas esta salvara-o de uma armadilha e a raposa ficara moralmente impedida de agredi-la.
O Cavalo nasceu com asas mas não pode voar, porque mais nenhum cavalo o faz, então vivia oprimido na sua individualidade, a esconder as asas.
O Menino estava perdido na neve e só queria uma casa, talvez uma família. E queria ser “simpático” quando crescesse.
Caramba, como uma fábula infantil nos pode dar uma sova de realidade às 21h de uma sexta à noite.
Em plena época de queima de fitas com Meninos e Meninas a quererem ser os profissionais que escolheram ser. E chegam, (quando lá chegam e não ficam ou mudam o caminho) e infelizmente “não é bolo”.
Jovens e não-tão-jovens a querer comprar casas, construir famílias e estão continuamente perdidos na neve.
Outros e outras e aqueles que ainda não decidiram se são “eles” ou “elas” a querer abrir asas e assumir que são diferentes dos seus pares…
E tantos que estão “presos” em dívidas morais que contraíram sem pedir e pagam ao preço do seu próprio destino.
Quer sejamos Meninos, Toupeiras, Raposas ou Cavalos.
Que queiramos sempre ser simpáticos.