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Opinião
Alexandra Bordalo – Advogada
Alexandra Bordalo
Advogada

Das Notícias e do Direito

Planeta é só um

4 de abril de 2022
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A propósito de Abril, e de previsões meteorológicas sempre recordamos o ditado de «Águas Mil».

Dificilmente temos agora a certeza que os ditados se apliquem ao tempo e aos dias que correm.

As alterações climáticas estão aí e até os cépticos obstinados terão dificuldade em negá-lo (com excepção daqueles que clamam que a Terra é quadrada, e a esses limitamo-nos a apontar a direcção da Casa Amarela).

Certo é que a maior parte da população não só não está alerta, como muitos revelam uma triste sobranceria e arrogância por pequenos hábitos que podem ajudar a salvar o planeta.

Reutilizar, reciclar e reduzir consumos não são coisas particularmente complexas ou que exijam certificação em engenharia ambiental.

O que custa aproveitar a água que sobrou nos copos para regar as plantas?

Ou guardar os frascos de vidro para guardar sementes, cereais, arroz, para compotas ou picles?

Antigamente a roupa não passava dos mais velhos para os mais novos, então porque abandonar este bom hábito?

Guardar a reciclagem e ir colocá-la ao ecoponto? Faz uma pequena caminhada, vê as novidades nas ruas da vizinhança e regressa a casa com a satisfação do dever cumprido.

Este esforço por ser ecológico pode e deve ir mais longe. Um dos exemplos que mais tem sido falado é comer o que é da época, ou seja, laranjas em Dezembro, cerejas em Junho, castanhas em Novembro. Pois, porque habitualmente o que é fora de época provêm de estufas ou de importação o que se traduz numa enormíssima pegada ecológica de consumo de água e/ou combustível.

Tenho uma amiga com alfaces na varanda (sim, num 5º andar em Alcantâra!), porque não experimentar? Pode começar pelos vasinhos de ervas na janela da cozinha, a hortelã, o manjericão, o alecrim ou outras aromáticas que aprecie nas bebidas ou na comida.

Certo é que nem todos o podemos fazer, com dimensão, mas é possível ter malaguetas e aromáticas mesmo dentro de casa. Alfaces e morangos na varanda, ou até um limoeiro num vaso.

A par disto muitas vão sendo as hortas comunitárias disponibilizadas pelas autarquias, sendo possível obter um talhão ou até fazer uma pequena sociedade informal para o efeito, dois ou três amigos com o mesmo talhão…

A compostagem é algo muito entusiasmante e nada prático para cada um fazer por si, em sua casa. Ou bem que se tem um grande jardim, e se faz isto num local distante de casa, ou não é nada agradável por causa dos mosquitinhos e moscas.

Porém, as autarquias podiam criar pontos de compostagem, nos quais íamos deixar os nossos orgânicos…

Afinal o que é isto de compostagem? Juntamos as sobras orgânicas de legumes e fruta, com secos como folhas, galhos, aparas de madeira, borras de café e saquinhos de chá, umas minhoquinhas comilonas, uma reviradela de quando em quando e obtém-se composto, um substracto rico para alimentar as plantas!

Pensemos na quantidade de cascas, peles e pontas resultantes da preparação de uma sopa, seja em casa, seja nos restaurantes. Em vez de ir para o lixo comum e daí para o aterro, vai para a compostagem e algum tempo depois, do lixo se fez matéria… Em Nova York há quem congele estas cascas e peles e as entregue ao fim-de-semana quando vão à feira dos produtores comprar produtos biológicos!

Obviamente, há outra dimensão de poupança de recursos, mas muitas só são possíveis se pensadas de raiz… Por exemplo, termos abastecimento de fontes distintas para a água das torneiras e a água do autoclismo! Parece evidente, certo? Pois é, mas as casas não têm este sistema de ramal distinto. Na maior parte das casas, podia ser a água dos banhos a alimentar os autoclismos. Why not?

É possível que lá cheguemos. Mas os WC públicos, com maior facilidade, podiam ter os autoclismos alimentados com o reaproveitamento da água dos lavatórios… Fica o repto.

Por mim, continuo a advogar e praticar, nas margens do que posso e do bom senso, a reciclagem, a diminuição de consumo (sim, pareço a polícia das torneiras) e a reutilização.
Afinal, temos locais para depositar, vidro, papel/cartão, embalagens, cápsulas de café, lâmpadas, tampinhas de plástico, rolhas de cortiça, óleos utilizados, pilhas, pequenos electrodomésticos, tinteiros. Parece um bocadinho idiota não o fazer, certo?

Passei também a guardar os pauzinhos do gelado, do sushi e das espetadas para usar como acendalhas! Mas isso é porque tenho lareira!

Pense nisso. Afinal os últimos dois anos levaram-nos a mudar tantos hábitos e a fazer tanta coisa diferente. Pensar ecológico e adoptar com veemência uma postura mais verde não é assim tão difícil.

Por pequena que seja a minha contribuição e o meu esforço, faz-me sentir muito melhor.

Saúde e paz!

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