Leão e Lima
Os Ricardos que governam o PS e Loures
7 de abril de 2024
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Grande entrevista realizada no Centro Comercial do Continente de Loures a duas figuras incontornáveis do nosso concelho: Ricardo Leão, Presidente da CM Loures e Ricardo Lima, presidente da junta de freguesia de Moscavide e Portela, da comissão política do PS de Loures e recentemente reeleito deputado da nação. Saiba o que pensa o PS em Loures.
Ricardo Leão como interpreta estes resultados eleitorais com acentuado decréscimo do partido socialista, quer em votos, quer em deputados, acabando mesmo por perder as eleições?
Queria agradecer antes de mais o trabalho extraordinário do Notícias de Loures no concelho. Os meus sinceros parabéns.
As justificações são várias. Acho que não é uma grande derrota, pois estivemos oito anos do governo. Houve coisas boas e coisas más, naturalmente, enquanto governo, mas há sempre um desgaste de quem está no poder e muitos esperavam que a AD tivesse outro resultado. Na verdade, temos o mesmo número de deputados que o PSD e é como que se fosse uma espécie de um empate técnico. Há eleitorado que é do PS e esse votou PS, como faz habitualmente, mas que por uma razão ou por outra decidiu desta feita votar no CHEGA e temos que fazer o nosso trabalho para recuperar essas pessoas.
Considera que a autarquia que tinha uma relação privilegiada com um governo PS, terá agora uma relação mais difícil? Ou pelo contrário, por ter uma coligação municipal entre PS e PSD, a relação pode manter-se ou até sair reforçada?
Nas cheias fomos o Concelho mais fustigado com as intempéries numa realidade catastrófica em que nos empenhamos para tentar solucionar problemas. Tivemos prejuízos de 20 milhões de euros e o governo apoiou-nos em 10 milhões de euros. Tenho dúvidas se o atual governo faria o mesmo. Mas vamos ver. Nós estamos a construir quatro novos centros de saúde, estamos a trazer o Metropolitano para o concelho.
Com a vinda do Metropolitano, conseguimos garantir que o investimento fosse na sua totalidade do governo, poupando cerca 50 milhões de euros de compromissos anteriores. De facto, conseguimos muita coisa num Governo PS. Agora vamos ver.
Ricardo Lima, a sua reeleição num lugar mais próximo do topo na lista do PS, por Lisboa, para a Assembleia da República é um sinal do aumento da importância de Loures no PS Nacional?
Sim, é justo afirmar isso. Desde que o Ricardo Leão assumiu a comissão política nunca esquecemos a nossa principal função que é ter impacto na vida das pessoas. Temos tido cada vez um papel mais ativo e o nosso trabalho dentro do PS e reconhecimento interno e externo. Ainda ontem tivemos os dois uma reunião da Comissão Política Nacional, quando era difícil termos apenas um representante. É o reflexo, também, do trabalho como autarcas.
Com este novo quadro legislativo há alguma alteração de estratégia do PS Loures?
Alguns dos exemplos que o Ricardo Leão deixou demonstram a nossa articulação como autarcas e também com a minha presença na Assembleia da República. Reivindicar e pressionar influenciando em defesa dos interesses das pessoas. Acrescentaria ainda a intervenção nas escolas que vai acontecer e só é possível em articulação com o governo.
Ricardo Leão, o Notícias de Loures tem um cronista, Rui Pinheiro, que tem um contador de algumas das promessas efetivadas pelo partido socialista na campanha eleitoral autárquica. Qual o ponto de situação do METRO?
O Metro está a caminho e já estivemos presentes em reuniões onde foi assinado o protocolo com o governo para avançar com as obras da linha do metro. Cerca de 520 milhões de euros.
O Metropolitano de Lisboa, apresenta um calendário para estar concluído em 2026. Vai acontecer e quem ficará para a história será o governo e a autarquia do PS.
Na zona Oriental, Portela Sacavém, Bobadela, São João da Talha e Santa Iria, criámos um novo modelo de utilidade em corredor. Já contratámos a criação de um projeto para que este governo do PSD possa cumprir o compromisso do anterior governo de o concretizar.
A outra pergunta que o Rui Pinheiro deixa é a ligação de Sacavém à segunda circular. Qual é o ponto de situação?
É curioso esta pergunta. O Rui Pinheiro foi vereador quando foi feita a EXPO 98 altura em que foi feita a interrupção da ligação de Sacavém à segunda circular na Avenida da Índia fechando a ligação existente. E esse foi um dos passos para a derrota da CDU. O problema está criado na década de 90 e vamos ter que o resolver. Repor a ligação que existia é impossível. Estamos a estudar uma ligação que possa passar pela Portela gerando também mais opções para quem mora na Portela e a solução vai ser apresentada ainda este mandato. Para executar no próximo.
Ricardo Lima, serão ambos candidatos aos mesmo cargos nas autárquicas em 2025?
Sim. Não pensámos em projetos para o dia de hoje. Vamos ter o maior investimento de sempre em Loures e é importante acompanhar. Quando entrei para a Assembleia da República saiu um boato que ia abandonar a junta. Não é verdade. Claro que serei candidato novamente se assim merecer a confiança da população.
Para que fique bem claro para todas as pessoas, Ricardo Leão será o próximo candidato do partido socialista à Câmara de Loures e eu serei o próximo candidato à junta de freguesia de Moscavide Portela.
Queremos levar a cabo este projeto até o fim.
Nelson Batista já foi confirmado ao NL por Vasco Touguinha como candidato do PSD. Como avalia a coligação PS/PSD que tem governado a autarquia Ricardo Leão?
Seria talvez mais fácil ter assumido sozinhos. A nossa visão era que o concelho estava tão atrasado que seria preciso rapidamente colocar o concelho a andar. Por isso, nasceu o acordo com o PSD para dar a estabilidade necessária para poder levar a bom porto o que temos ainda para realizar. Afirmo aqui publicamente que, mesmo que ganhe com maioria absoluta, desafiarei os vereadores do PSD a fazer parte do executivo. Eu não sou daqueles que usa as pessoas e deita fora. Já tive essa conversa com Nelson Batista e é importante para a estabilidade.
Qual a sua visão Ricardo Lima?
Foi perceber que o nosso concelho tinha oito anos de CDU e era necessário fazer em quatro anos muito para recuperar o concelho o mais rapidamente possível. Seria mais fácil na estratégia política avançar sozinhos, mas isso não foi a nossa forma de pensar. Privilegiámos a estabilidade até porque há pontos em comum. E assim quem ganhou foram as pessoas e o concelho.
A saúde tem sido outro grande tema com as enormes dificuldades no Beatriz Ângelo e em vários Centros de Saúde. Gostariam de ver a PPP reposta?
Não temos aqui uma ideologia que nos limite a nossa ação. O importante é o for melhor para as pessoas, seja público, seja privado.
Temos de ter a responsabilidade de perceber quais são resultados da reforma que está a acontecer na saúde e ver os resultados.
E ver como o PSD vai gerir esta reforma que aconteceu. Se a vão deixar prosseguir, ou se a vão travar. Penso que seria um erro não a deixar a chegar ao fim. E aí, sim, avaliar.
O que pensa Ricardo Leão…
Agora temos que ter saúde primária porque as pessoas neste momento não têm respostas e sobrecarregam o Beatriz Ângelo. Se tivermos capacidade nos Centros Saúde, as coisas melhoram. É que durante oito anos a CDU decidiu colocar a responsabilidade do lado do governo. E estamos a ser parte ativa pagando metade do investimento.
Uma das principais acusações que lhe são feitas é o aumento significativo do endividamento da autarquia. A que se deve esta situação?
As pessoas não podiam esperar mais. As pessoas estavam com problemas claros na área da habitação, na área da saúde, na área da mobilidade. Era urgente fazer um conjunto de investimentos que foram adiados para chegarmos onde estamos hoje. Além disso, tínhamos uma oportunidade única para fazer um conjunto de ações que de outra forma seriam impossíveis de concretizar. O PRR. Não queria chegar ao fim do mandato e dizer que não aproveitei ao máximo os benefícios que poderia trazer para a população. É um endividamento calculado e as nossas contrapartidas são obrigatórias para a concretização das obras.
As pessoas não são números. Vamos recuperar a uma velocidade significativa após o congelamento que aconteceu, acrescenta Ricardo Lima.
Qual o ponto atual da habitação em Loures e, em particular, da habitação social?
Temos um grande problema na habitação social. Chegamos com uma dívida de 15 milhões de euros. Uma parte dela, graças a rendas de 44 euros e meio. Existe uma lei que obrigava a atualizar as rendas, o que não foi concretizado. E a grande parte da dívida reside aí. O nosso lema é claro: há direitos e deveres iguais para todos; temos as nossas obrigações para cumprir e temos direitos. Os arrendatários têm de pagar a renda e temos do nosso lado o dever de fazer as obras necessárias. Em muitos dos bairros as condições de habitabilidade não existem porque, também, do nosso lado não cumprimos com a nossa obrigação. Criámos um plano de recuperação de dívida e criámos um sentimento de cumprimento por parte das pessoas. Queremos que as pessoas paguem. Não queremos despejar ninguém, mas se tivermos de agir, agiremos.
Ao fim de um ano do projeto iremos fazer uma avaliação.
Posso deixar alguns dados importantes, a taxa de incumprimento já baixou bastante e recebíamos, em média por ano, cerca de 1 milhão de euros, hoje estamos perto de 2 milhões de euros de rendas.
Vamos investir milhões de euros na recuperação das casas das pessoas. Queremos que toda a gente cumpra aquilo que tem que cumprir.
Ricardo Lima para quando a inauguração do edifício autárquico na Portela?
É uma grande obra que vai ser concretizada quase de imediato.
Estamos na fase de receção provisória, há mini pormenores que demoraram poucas semanas a ser retificados, e temos o grande desejo de inaugurar esta obra no 25 de abril. Comemorando os 50 anos da liberdade com a concretização de uma obra que muitos julgavam impossível.