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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião de Ricardo Andrade

Sorrir... apenas isso!

7 de março de 2021
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Quando olho para as muitas linhas que aqui partilho, mês após mês, com quem vai tendo a paciência de me ler, constato que, de uma forma involuntária mas natural, a temática da pandemia tem sido uma constante nos últimos tempos. Tal como a maioria das notícias neste último ano, também eu tenho caído no caminho fácil de discorrer sobre a pandemia, ainda que sob vários aspetos e com enquadramentos distintos. Tal como muitos de nós, também eu tenho deixado que a pandemia domine esta parte da minha vida que é o diálogo que tenho mensalmente consigo que me vai lendo. Tal como o mundo, também eu tenho abordado este assunto na esperança de que ele se esgote e que possamos, em breve, retomar as nossas vidas.

Talvez tenha sido mais fácil olhar para o presente que me abalroava com a dura realidade a cada dia. Talvez tenha sido mais fácil ir-me concentrando no passado recente onde a pandemia ia tomando cada vez mais parte. Talvez tenha sido a opção inconsciente.

Mas nem sempre o que parece ou sentimos como certo é o que nos faz bem ou o que nos preenche...nem sempre aquilo que o olhar alcança é tudo o que lá está... nem sempre o que parece mais simples é o realmente bom.

Por vezes o mais difícil é o caminho certo. Não por ser o que tem melhores resultados, mas porque é o trilho que temos que seguir.

Falamos tantas vezes em sonhos, em anseios, em expectativas, que nos olvidamos de algo bem mais importante que tudo isso.. da esperança de viver um dia de cada vez sem pensar no dia antes e no dia seguinte.

É como o respirar que não nos lembramos sequer que lá está até que sentimos falta. É como a água que não escolhemos para beber porque uma bebida doce nos aveluda mais o paladar. É como o olhar a que não damos valor até estarmos no escuro.

Perdemos tanto tempo a pensar no efémero que deixamos o importante para segundo plano. Gastamos tantas horas a alienarmo-nos da realidade que nos envolve que perdemos a noção que somos nós que marcamos o compasso na partitura que é a nossa vida. E depois... depois... depois pensamos em algo que sempre quisemos fazer e não damos o passo em frente porque algo secundário nos parece bem mais relevante. Deixamo-nos toldar pelo que brilha por fora e não agarramos ao que nos faz brilhar por dentro. Não para os outros, não para o mundo, mas o que nos ilumina em nós mesmos.

Traçamos rotas complexas, tão plenas de coisas emocionantes e tão absorventes que nos afastamos do que realmente nos dá alegria, do que realmente nos preenche. Não daquilo que nos faz dizer que estamos felizes mas daquilo que nos faz sentir tão serenos de alegria. Inconscientemente e sem maldade olhamos para o que nos rodeia e queremos ter isto ou aquilo, ser este ou aquele, passar por uma ou outra experiência, mas não pensamos no que temos e como podemos tornar essa semente numa bela flor ou em como podemos fazer crescer um talento que é tão nosso quanto o de mais nosso é.

Esquecemo-nos de algo tão simples como do facto que o que importa não é fazermos sorrir ou deixar que nos façam sorrir mas sim... o ato de sorrir!!

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