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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião de Ricardo Andrade

Sim, temos! Sim, devemos!

8 de outubro de 2023
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Desde pequeno fui habituado a ver o mundo que me rodeava. Não sei exactamente quando, mas sei que cedo ganhei vontade de saber o que se passava não apenas à minha volta mas num mundo que era bem menos global do que aquele em que vivemos hoje.
Livros, rádio, televisão, as conversas de fim de semana em casa dos meus avós depois das refeições... tudo servia para que me chegasse informação sobre o que me rodeava quer mais perto quer mais longe.
Não, não havia o acesso simplificado à internet. Não, não havia incontáveis canais de televisão ou mil e um jornais. Não, não existiam as redes sociais com real e fake news.
Mas, pelo menos na minha família, havia o cultivar da partilha de experiências entre gerações. Pelo menos nos meios em que vivia, eram frequentes as conversas sobre tudo e sobre nada que me mostravam que existia todo um universo onde podia aprender e crescer.
Talvez por tudo isto pense vezes sem conta no mundo em que hoje vivem os meus filhos. Certamente por causa das minhas experiências enquanto crescia pare, recorrentemente, para ver o que chega aos meus pequenos ao nível da informação.
E confesso ao leitor que por vezes me assusta o ponto a que chegámos.
De cada vez que ligo uma televisão, ligo o rádio ou pego num jornal tenho mais dificuldade em ver algo que tenha como fontes de exemplos positivos para o João Pedro e para a Mariana.
De cada vez que me surgem informações na internet ou nas redes sociais se torna menos fácil vislumbrar exemplos dignos de tal nome para os mais novos cá de casa.
Mesmo nas trocas de conversas digitais, vejo cada vez menos reacções equilibradas e muito mais vezes atitudes extremistas e pouco tolerantes.
E sim, penso que mundo é este em que o mau vende incomparavelmente mais que o bom?!?! Que mundo é este em que titulares de cargos públicos são atingidos com tintas sem que nenhuma responsabilidade seja assacada aos perpetradores desses actos?!?! Que mundo é este em que se corta uma das mais movimentadas estradas da capital e sejam vistos, por muitos, como heróis quem causa constrangimentos ao dia a dia de milhares de pessoas?!?! Que mundo é este em que há extremistas bons e extremistas maus?!?!
Não quero com isto dizer que o mundo está perdido. Não quero com isto escrever que caminhamos para o abismo. Não quero com tudo isto defender que o mundo está perdido ou que antigamente é que era bom e que agora tudo está mal.
Mas quero, seguramente, partilhar com quem me lê que acredito que é nos dias mais escuros que temos, todo e cada um de nós, que tentar trazer alguma luz que ilumine o caminho.
Cada um de nós deve ser o primeiro a transmitir exemplos positivos e a partilhar, sem medos, os valores e os princípios que nos podem tornar a todos pessoas mais próximas daquilo que sonhámos um dia poder vir a ser.
Sim, temos essa responsabilidade! Sim, devemos abraçar essa missão! Sim, temos que lutar por não nos deixarmos vencer pelo imobilismo! Sim, devemos ter a coragem de nos assumirmos como verdadeiros agentes de construção de um futuro melhor!

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