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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião de Ricardo Andrade

Silly Autárquicas?

8 de agosto de 2021
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Eis que estamos em plena “silly season”, aquela altura do ano em que, por definição, “os critérios de seleção jornalísticos se tornam mais flexíveis, passando a considerar como relevantes assuntos que geralmente, não constituiriam objeto de notícia”.

Talvez por estar tão instituído este conceito e esta mentalidade, a maioria de nós não espera muito das notícias durante o verão. Talvez por ser normal, muitos de nós não exigem grande coisa de quem nos informa durante este período.

E confesso que também eu, por norma, adoto essa linha de pensamento e esse caminho da aceitação de uma menor exigência noticiosa nesta época veraneia. Sim... habitualmente também espero menos da informação que me chega na época estival e por isso, durante muitos anos aproveito o verão para pôr muita da leitura em dia que não consigo acompanhar durante o resto do ano em que a profusão de temáticas interessantes na imprensa me roubam tempo para leituras mais densas e continuadas.

Este ano, sabe-se lá porquê, dei por mim a pensar mais sobre a “silly season” e sobre o pouco sentido que faz termos notícias menos relevantes quando não apenas temos ainda entre nós a pandemia que nos tem assolado mas também quando estamos na contagem decrescente para um dos períodos eleitorais mais importantes da nossa democracia... as Eleições Autárquicas.

É nas Autárquicas que somos chamados a escolher quem queremos que ocupe os cargos de maior proximidade no nosso sistema democrático. É nas Autárquicas que mais olhamos para as listas que se nos apresentam para escolha. É nas Autárquicas que temos mais vizinhas e vizinhos envolvidos nas disputas eleitorais. É nas Autárquicas que muito sentem que o seu voto é verdadeiramente útil.

E deveria ser agora que não apenas a comunicação, mas também as centenas de candidaturas às Autárquicas deveriam lutar com unhas e dentes para chegar até nós por forma a que ninguém tivesse razões para se sentir pouco esclarecido quando tiver que tomar decisões no final de setembro.

Mas será que é isso que está a acontecer? Será que todos nós já recebemos informações sobre a totalidade ou a maioria das candidaturas aos órgãos autárquicos? Será que sabemos sequer quais as ideias mais importantes dos vários candidatos à nossa Câmara Municipal ou Junta de Freguesia?

Não! Julgo que não!

Valerá a pena culpar a comunicação social? Servirá de alguma coisa culpar as candidaturas? Ou ao invés deste passa culpas, deverá cada um dos potenciais eleitores combater a “silly season” de 2021?

Poderemos estar verdadeiramente de consciência tranquila se não lutarmos contra esta falta de informação?

Não! Julgo que não!

Por isso, mais uma vez, partilho convosco que o que fazemos hoje definirá o que teremos amanhã. Que a nossa batalha, de agora até setembro, deve ser por estarmos cada vez mais informados e por exigirmos daqueles que se candidatam (e dos que acerca deles nos informam) que nos digam ao que vêm.

Porque se a forma como nos comunicam os vários projetos e ideias é relevante e pode marcar a diferença (como escrevi em outras linhas deste espaço), também a quantidade de informação com que nos brindam é essencial.

Sim... hoje somos, em grande medida, nós os eleitores, que temos que exigir que esta “silly season” não traga consigo umas “silly autárquicas”!

Será que o faremos?

Vamos ver!

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