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Opinião
Cristina Fialho – Chefe de redação
Cristina Fialho
Chefe de redação

Editorial

INFLUÊNCIAS

9 de setembro de 2019
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Numa era onde o conceito de “Amor e uma Cabana” deu lugar à máxima “Sexo e a Cidade”, estaremos nós, à espera de ser surpreendidos por um acaso do destino ou resignamo-nos aos mais ou menos óbvios “arranjinhos” de amigos e conhecidos?

Já nada “é o que é”.

Veja bem, em trabalho, as cunhas e “tachos” chamam-se agora “networking” ou “rede de contactos” para quem rejeita estrangeirismos.

As recomendações vêm de profissionais das opiniões pagas em produtos, os “influencers” que vivem de telefone na mão e legendam com cardinais e palavras inusitadas no fim das frases que esperam que nós gostemos em forma de um coração por baixo da imagem. 

Os mais sortudos vivem para isso, chamam-lhe trabalho. Os mais sortudos ainda trabalham para viver e não se deixam afetar pelo número de comentários que têm na sua foto da ida ao Santini, que aqueles gelados são caríssimos mas dão boas imagens e com sorte a marca ainda oferece uns vouchers para lá voltar.

O que é isso de ser “influenciador”? 

Eu não me sinto influenciada por pessoas que tenham poder de compra superior ao meu, ou que tenham uma vida mega glamourosa que eu não posso mimicar. 

Eu sou influenciada pelo que me soa a autêntico, pelo cru, pelo sonolento de segunda de manhã ou pelas olheiras de fim de dia.

Mostrem-me o resto da sala desarrumada para além da lente do telefone que eu vos digo que me relaciono com a vossa dor de quem não tem tempo para nada mas que usa o creme não-sei-quê porque cheira bem. Isso sim. Apanhem-me na curva com a realidade e depois encantem-me com as maravilhas do product placement.

Oscar Wilde dizia que só as pessoas desinteressantes são bonitas pela manhã. Quer-me parecer que seria um dos grandes do mundo do marketing relacional dos dias de hoje.
Eu fazia like.

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