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Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

Desconfinamento, palavra da moda

5 de junho de 2020
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Entre a última crónica que escrevemos e a presente, muito se passou, na vida pessoal e na vida social portuguesa. Muito se passou, mas podemos talvez sintetizar o período numa expressão simples, do premente confinamento ao progressivo desconfinamento. O desconfinamento é agora a palavra da moda, o conceito que configura a nossa vida pessoal, económica e social. Na verdade, andamos a toque de caixa da pandemia, a pagar uma estranha taxa de globalização, procurando salvar a economia, postos de trabalho (será ?!...) e rendimentos (acredito mais !) Vivemos dois períodos de estado de emergência com a tranquilidade geral do espírito português, o que permitiu este investimento em curso que é o de desconfinar com receios muitos de voltar a confinar!

Em boa verdade, até ver, parece que o país e as autoridades andaram bem na sua relação com a pandemia. As medidas aparentam ter sido ajustadas e proporcionais. Foi reconfortante ver que a maioria das autarquias locais, não se perdeu em demagogias e encenações, mas que procuraram fazer o que genuinamente lhes parecia certo, com ou sem a recomendação técnica das autoridades de saúde, conforme se justificava ou não tal intervenção.

Quero pois, aproveitar esta tribuna para saudar no concelho de Loures todos aqueles que estiveram e estão nas várias trincheiras de combate ao pérfido vírus e enfatizar o modo sereno, confiante, organizado e esclarecido como a Câmara Municipal de Loures lidou com o problema, com a máquina municipal e o serviço aos cidadãos. Todos os serviços essenciais foram adequadamente assegurados, o que bastas vezes não se valoriza devidamente. Não sabemos se o bicho veio para ficar, não sabemos se vai e volta, não sabemos se ficamos imunizados ou não, apenas sabemos que tão breve não poderemos baixar completamente a guarda. De entre o que é evidente destes tempos de pandemia, ficou patente com o exemplo de Veneza e outros que os danos ambientais que provocamos ao planeta podem ser evitados, que a mudança de comportamentos tem imediato efeito na regeneração natural e abre oportunidades novas à qualidade de vida.

Rapidamente, o discurso da recuperação das economias nos seus trâmites habituais, abafou ostensivamente qualquer reflexão sobre como poderíamos fazer diferente no pós-pandemia. Aqueles que comandam as economias, o mundo e os seus modelos, rapidamente configuraram a comunicação global, de modo a que não pensemos muito como podemos fazer diferente. A sua prioridade é que voltemos ao sistema exactamente nos mesmos termos, porque é isso que lhes permite a mais rápida recuperação da produção e apropriação das mais-valias.

No Concelho de Loures, há uma associação que se mantém como oportunidade de análise e reflexão sobre o ambiente e a qualidade de vida, a ADAL – Associação de Defesa do Ambiente de Loures. Aqui deixo o convite aqueles que com a pandemia verificaram que precisamos de rumo diferente, a associarem-se e partilharem a sua visão e energia, no propósito de uma melhor vida colectiva. Vamos lá então desconfinar, sem se ser mero consumidor e telespectador.

Este colunista escreve em concordância com o antigo acordo ortográfico.

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