Fora do Carreiro
30 anos depois… abandono !
8 de março de 2023
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Cumpriram-se em Janeiro passado 30 anos sobre um momento especial da vida do Concelho de Loures e do país, a mega-operação de despejo do Lar Panorâmico em Camarate, onde 650 pessoas foram postas na rua, sem apelo nem agravo, numa determinação de um tribunal, a pedido dos proprietários.
Independentemente das condutas dos agentes políticos de então (que também merecem ser avaliadas), todos podemos hoje constatar que o dito Lar Panorâmico se encontra devoluto e ao abandono. São 30 anos de ignomínia, que ganha nova actualidade e expressão em contexto da crise habitacional vigente, de uma preocupante falta de alojamento universitário e da persistência de inúmeros sem-abrigo na área metropolitana de Lisboa.
Recentemente, o Eng. Vitor Fragoso, dedicado servidor durante muitos anos do Município de Loures, fez o favor de me recordar os edifícios devolutos, também em Camarate, resultado das expropriações ocorridas aquando da construção da CRIL, do IC17, dos Túneis do Grilo, que deixaram dois edifícios habitacionais e um armazém adjacente abandonados. Nem foram demolidos, nem têm desde então qualquer uso.
É tempo dos responsáveis políticos da Junta de Freguesia de Camarate, da Câmara Municipal de Loures e do Governo desenvolverem as diligências necessárias para o apuramento devido do estado das edificações e, após isso, desencadearem as acções que se justifiquem para dar bom uso aqueles edifícios ou determinarem a sua demolição, para que termine o insulto aos desalojados de há 30 anos e à população da freguesia e do concelho dessa data e de hoje.
Quem tenha uma visão estratégica para Loures não pode ignorar as situações descritas existentes, como não pode ignorar a meritória proposta da Associação de Defesa do Ambiente de Loures de instalar no Convento dos Mártires e da Conceição em Sacavém, residências universitárias.
A Carris Metropolitana e o Metro Ligeiro (que deve estar a chegar !?) podem dar a Sacavém e Camarate uma relação profícua com a Universidade, quanto mais não seja com uma parte dos seus alunos, oferecendo-lhes condições para poderem estudar, assim participando indirectamente mas com efectividade no desenvolvimento do país e do Concelho de Loures.