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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião de Ricardo Andrade

Tomar as rédeas

4 de fevereiro de 2024
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Ao longo dos vários anos que já levo de colaboração com este projecto do Notícias de Loures os temas que tenho aqui trazido têm sido variados.
Mas no meio de uma certa variedade penso que se torna claro e até expectável e previsível que a temática da política e da participação cívica tenha alguma preponderância.
Penso que isso sucede não apenas porque vou sentindo que tenho algo a partilhar quanto a esses temas, mas também pela forma como vejo o papel da politica e das pessoas na sociedade, ligado à evolução pessoal e académica que fui fazendo ao longo dos tempos.
Talvez por isso fique sempre algo entristecido quando escuto alguém ( e não são poucas as vezes que tal sucede! ) transmitir que não gosta de politica ou que não percebe nada de política.
Como em tudo na vida, cada um de nós tem reacções distintas ao que o rodeia e à reacções dos que consigo interagem. A minha é de não desistir de partilhar as minhas visões e de ir tentando demonstrar que somos todos parte uma sociedade em que a causa pública deve ser abraçada e não rechaçada. Não por uma qualquer teimosia mas porque não concebo o afastamento de algo essencial como a atitude certa para a construção de algo melhor.
Num mês como este que agora se inicia, em que várias são as decisões que temos que tomar, não podia então deixar de tecer algumas considerações acerca deste caminho que nos levará às decisões de Fevereiro ( Eleições Regionais nos Açores ) e de Março ( Eleições Legislativas em todo o território nacional ).
Temos, ao dia de hoje, um país em convulsão. Mudanças de liderança em vários dos partidos concorrentes às eleições, processos de investigação judicial em curso, demissões de titulares de cargos públicos, novas forças partidárias a ganharem espaço no xadrez político, um mundo marcado por várias guerras e até mesmo lutas ideológicas com posições altamente extremadas.
Neste cenário que vejo como único, as opiniões dividem-se e as sondagens sucedem-se a um ritmo vertiginoso demonstrando que tudo está em aberto. O futebol continua a ser rei nas conversas de café mas a politica e o futuro de todos nós ganha espaço.
Sente-se uma enorme indecisão quanto às opções a tomar e uma propensão a deixar as escolhas quase até à última adensando a trama e criando uma indefinição evidente quanto ao “day after”.
Por isso e para alguém como eu que tem a visão que transmiti no inicio desta reflexão, este momento que atravessamos é de uma enorme riqueza e leva-me a procurar, cada vez mais, informação para poder, não apenas tomar a minha decisão em consciência mas para também analisar o andamento de todo um processo pleno de lições sobre o passado, presente e futuro.
Neste cenário tenho a certeza de saberemos, enquanto sociedade, respeitar as decisões da maioria mas assola-me a dúvida acerca de se aprenderemos com o caminho que o nosso país está a tomar.
Essa certeza e essa dúvida fazem com que a minha curiosidade não se possa sobrepôr a alguma apreensão que apenas são suplantadas pela convicção que, ao invés do que muitos defendem, somos sempre nós que decidimos e que esse poder não deve nem ser descurado nem desbaratado.
Podemos então cair no lugar comum de colocarmos as culpas dos males do mundo na politica e nos políticos ou então tomarmos as rédeas do nosso destino e sermos proactivos numa busca por aquilo que queremos, intervindo e marcando as nossas posições quer pessoal quer publicamente para que, no futuro, não fiquemos a pensar no que poderíamos ser se não nos tivéssemos remetido à inércia ao invés de orgulhosamente nos assumirmos como actores principais na nossa comunidade e nas nossas vidas.

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