Opinião de Ricardo Andrade
Que não fique ninguém pelo caminho!
5 de julho de 2020
Partilhar
Desde o primeiro caso de COVID 19 em Portugal que tivemos a confirmação de que aqui no Concelho de Loures não éramos diferentes do resto do país e do mundo. Nesse momento de constatação da realidade ficou claro de que a luta de todo o território nacional seria também a luta de Loures. Dizer ou pensar o contrário teria sido viver num qualquer tipo de dimensão alternativa ou entrar em estado de negação e marcar a nossa perspetiva por uma convicção errónea de que nada nos acontece a nós mas sim aos outros.
Verdade também é, penso eu, dizer que pouco de nós imaginávamos que estaríamos um dia em Loures com a gravidade de situação que atravessamos atualmente... a de um município claramente mais permeável ao alastrar da pandemia do que outros no país mas também do que vários na área metropolitana de Lisboa.
Quase 2000 casos positivos de COVID em Loures é razão para dizer que o paraíso que era e que foi vendido por alguns responsáveis políticos não passava, manifestamente, de uma ilusão. Aliás, foi uma ilusão que durou muito pouco. Quase metade dos números de Loures concentrados em apenas duas das dez Freguesias do município demonstram que se é um facto de que ninguém está a salvo também é uma evidência de que existem áreas onde a luta é mais difícil do que em outras.
Tenho debatido com alguma frequência a problemática do que poderíamos ter, em Loures, feito de diferente e daquilo que poderíamos ter aprendido com muito do que estava a ser realizado, com eficácia, para combater esta pandemia em outras áreas do território nacional e até mesmo em zonas bem perto da nossa.
Penso, no entanto, que sendo evidente que não fomos tão pró-ativos como fomos reativos, o momento agora é de, muito mais do que apenas não baixar a guarda.
O momento é, cada vez mais, de sermos solidários, O momento é, cada vez mais, de darmos o passo de não nos fecharmos em nós mesmos. O momento é, cada vez mais, de funcionarmos como um todo concelhio nesta luta que não pedimos para travar mas da qual não nos podemos alhear.
Uns não são mais do que outros e o que hoje se passa hoje em duas Freguesias de Loures pode suceder em qualquer uma das restantes num futuro bem próximo. Principalmente se não funcionarmos como uma comunidade unida. Especialmente se não procurarmos entender que os problemas não se resolvem ignorando que eles existem.
É óbvio que não somos todos iguais na forma de encarar e de nos comportarmos perante esta pandemia. É notório que não valorizamos todos da mesma forma o que se está a passar e qual o nosso papel individual no combate à COVID-19.
Mas sem solidariedade não pode haver unidade. Sem compreensão particular não pode haver solução global.
Temos agora, mais do que nunca, que ser todos responsáveis por tentar atingir o nosso sucesso coletivo. Ninguém pode ficar de fora desta luta. Ninguém pode fazer de conta que não faz parte da solução total de um problema que não é meramente individual. Por isso... não enterremos a cabeça na areia!
Estamos em Loures numa situação crítica?
Sim!
Temos que reagir com ainda maior rapidez?
Sim!
Foram uns mais rápidos do que outros em perceber que as coisas não iam correr bem?
Sim!
Foram uns mais críticos do que outros quanto ao caminho que estava a ser seguido?
Sim!
Tinham uns mais razão do que outros em que deveríamos ter seguido os exemplos de Concelhos como Cascais ou Mafra?
Sim!
Por tudo isto digo ,com toda a convicção, de que a culpa do presente não morrerá solteira no futuro mas que cabe, hoje, a todos ajudar a que, amanhã, estejamos todos cá e que ninguém fique pelo caminho.