Opinião de Ricardo Andrade
Loures 134 anos de um Concelho adiado? Não tem de ser assim!
4 de agosto de 2020
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À data que escrevo estas linhas, Loures comemora o seu 134° aniversário enquanto Munícipio. Comemora uma história com uma riqueza e importância que, provavelmente, a maioria dos leitores desconhece. Comemora marcos politicos, históricos, pessoais e tantos outros tipos de vivências ao longo de mais de 100 anos de uma vida.
Bem mais de um século de vida mas muito mais ainda de somatórios de um sem número de experiências pessoais, de percursos individuais e, porque não dizê-lo, de histórias ímpares.
Loures, terra de gente de bem, empreendedora, dedicada, abnegada e acolhedora. Loures, local onde muitos têm as suas raízes e que outros tantos escolheram para mudar os seus passados e construírem um futuro mais promissor.
Por tudo isto poderíamos dizer, com um optimismo militante e com uma esperança do tamanho do coração das gentes de Loures, que estamos de parabéns e que tudo está bem e se recomenda.
Só que não! Só que não…mesmo!
Porquê? Porque fazer esse tipo de exercício muito bonito mas pouco real apenas faz com que não coloquemos o dedo na ferida e com que permaneçamos no marasmo a que anos e anos de políticas desajustadas não apenas à realidade mas, acima de tudo, às necessidades do território, da economia e àquilo que merecem aqueles que construíram aqui as suas vidas, aqueles que aqui sonharam uma vida muito melhor e aqueles que deram sangue, suor e lágrimas pelo nosso Concelho.
Penso que é também nos momentos de festa,onde tudo parece ser alegria, que nos cabe sair do politicamente correcto e ter a capacidade de pôr o dedo na ferida. De assumir o nosso passado e de marcar o nosso futuro. De sermos mais inconformados do que passivos, mais proactivos que meramente reactivos.
Continuamos com décadas de problemas nos transportes, na saúde, na justiça social, na segurança, na habitação, no emprego, na educação e com as mesmas décadas de atraso nesses e em vários outros campos fulcrais para um Concelho que, há muito, tem tudo para ter tudo e que acaba por não ter nem aquilo que podia, nem o que merece e ainda menos do que outros que, com menos condições, conseguem ser hoje mais marcantes do que nós, por exemplo, na qualidade de vida, na inovação ou no rasgo.
Esta continuação de um status quo lourense em que batemos no peito com orgulho ( merecido atente-se! ) para dizer que possuímos condições fantásticas e características inigualáveis para sermos primeiros em dezenas de indicadores importantes mas em que não conseguimos chegar ao pelotão da frente do desenvolvimento e dos exemplos a seguir por todos os restantes Concelhos do país, apenas nos menorizam ao invés de nos fazerem ocupar o lugar que podemos no nosso país.
Permanecemos naquela dualidade de um sentimento triste por apenas aparecer nas parangonas da comunicação social e de estar nas bocas do mundo pelos maus exemplos mas de não entender ou de não lograr atingir o que devemos fazer para sermos olhados como pioneiros de um modelo de desenvolvimento sustentado e sustentável que cause nos outros o desejo de serem como nós.
Infelizmente, continuamos a ser um Concelho com um futuro permanente e constantemente adiado.
Infelizmente, continuamos marcados por uma mentalidade definida por quem ( os que têm responsabilidades dirigentes e de liderança desde sempre ) apregoa almejar o céu mas não demonstra querer usar as asas que tem para voar.
Mas não tem de ser assim! Não pode ser assim!
Tenhamos então a coragem de ir mais além e, de uma vez por todas, sejamos tudo quanto podemos ser escolhendo os caminhos por vezes menos evidentes mas mais eficazes para dar a todos os Lourenses aquilo a que estamos verdadeiramente destinados.