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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião

Nitidez e clareza

9 de março de 2017
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No outro dia, um amigo com quem tenho o prazer de almoçar várias vezes, dizia-me que esperava algo de diferente desta minha partilha de pensamentos nesta coluna do “Notícias de Loures”. Explicitava que tinha a ideia de que eu falasse mais de política e talvez não tanto sobre experiências da minha vivência. Explicava-me que, apesar de compreender a minha vontade de partilhar com o mundo certas vivências especiais para mim, as expectativas que tinha acerca dos meus textos eram as de um conteúdo diferente.
Admito que não sou daqueles que ignoram as palavras que os outros me dirigem, em especial se vierem de pessoas que prezo. Confesso que faço questão de pensar pela minha cabeça (muitas vezes com uma, não pequena, dose de teimosia), mas que não sou indiferente a uma análise crítica que seja construtiva e sincera. E estou certo de que, tal como me dizia o meu avô, o “único animal que não recua é o burro”.
Por tudo o que escrevi antes, dei por mim a pensar que escrever para uma publicação com a importância deste jornal pode e talvez deva ser mais do que simplesmente partilhar aquilo que sinto e que sai, de forma sentimental, do meu âmago. Escrever aqui não deve ser, da minha parte, nem um acto egoísta de pensar apenas no que sinto quando escrevo, nem também um acto que apelide ou classifique como unicamente altruísta.
Se é certo de que as funções que exerço a nível local em diversos campos me fazem muitas vezes sentir que devo ter uma postura mais institucional, também não é menos correcto nem defensável que acabo por ter a obrigação de alguma clareza quanto a temas que sejam do comummente chamado “interesse geral”.
Evidentemente que a gestão de uma coluna de opinião é algo de sério, provido de um sentido de responsabilidade e de uma noção de justiça que não torne, quem escreve, permeável a uma humana vontade de “acertos de contas”. Mas igualmente justo é professar não devermos ser mais “papistas que o papa”, nem de procurarmos, enquanto seres que têm o seu espaço de escrita, coibirmo-nos de ser genuinamente opinativos quanto a temas de importância para todos.
Assim sendo, o caminho pode não ser apenas preto ou branco, mas deve, provavelmente, ser sempre verdadeiramente livre de ser amarelo, verde, vermelho ou de qualquer outra cor, desde que seja genuinamente nítido.

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