Opinião Ricardo Andrade
Não nos tirem o Natal!!
5 de dezembro de 2020
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Se habitualmente já não é fácil fugir à temática do Natal quando escrevo estas notas para dezembro, neste ano é impossível falar do último mês do ano sem abordar essa data.
O ano que agora se aproxima do final foi completamente atípico e levou a mudanças brutais na nossa forma de viver e encarar o nosso dia a dia e até mesmo o nosso futuro.
Na verdade, falta menos de um mês para o Natal e ainda não sabemos qual o Natal que nos deixarão ter. Na verdade, falta menos de um mês para o Natal e a incerteza é a única garantia que temos quanto ao que irá suceder nessa data tão importante para pequenos e graúdos.
Se é verdade que a pandemia é a grande responsável pelo facto de não sabermos que Natal teremos, também não é mentira que podia existir por parte dos decisores políticos uma maior preocupação em seguir um caminho consistente que nos permitisse, ao dia de hoje, antever o que irá acontecer por forma a podermos já começar a planear como faremos por altura do Natal.
Se outros puderam planear as suas festas partidárias ou os seus eventos de cariz politico com alguma antecipação, porque não pode o “comum dos mortais” saber como se organizará a si mesmo e ás suas famílias nesse momento anual essencial para a união e convívio das famílias?
É óbvio que esta pandemia “trocou as voltas” a todos. É evidente que não existe um guião para lidar com a COVID-19. É notório que nenhum decisor estava preparado para reagir a esta situação profundamente anómala.
Mas também não é mentira que a sucessão de avanços e recuos, de informação contraditória, de decisões titubeantes, de escolhas injustas e incompreensíveis, de proteção dos direitos de uns e de supressão dos de outros não ajuda em nada à estabilidade quer geral quer pessoal.
E este é um ponto essencial... a forma como se dá segurança e confiança às pessoas. Como o é o procurar que essa segurança e confiança se traduzam na tentativa que as vidas de todos vão tendo alguma normalidade dentro do caos em que a pandemia colocou as nossas vidas.
É para que esta busca por alguma normalidade e esperança seja eficaz, é essencial compreender a importância de certas datas e festividades na nossas vidas. É fundamental compreender a nossa sociedade e procurar adaptar esta nova realidade às tradições não colocando em risco a vida das pessoas nem matando o seu espírito.
Sei bem que falar ou escrever é fácil mas decidir quando se está no “olho do furacão” é que é mais complexo e duro. Sei bem que há, hoje em dia, poucas decisões cem por cento certas no que ao combate a esta pandemia diz respeito. Mas também sei que se há algo que ninguém tem o direito de nos retirar quando toma uma decisão é o direito a sermos felizes, o direito a aproveitarmos os nossos entes queridos enquanto podemos, o direito a continuarmos a viver datas especiais.
Por isso, e nesta altura, penso que só posso pedir aos nossos governantes aquilo que muitos dos leitores também pedirão:
“ Por favor... não nos tirem o Natal”!