Opinião de João Pedro Domingues
Quem ganhou foi o País
5 de fevereiro de 2022
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Nestes últimos tempos, muito se tem dissertado sobre a campanha eleitoral, as sondagens e sobre o resultado saído desse sufrágio. Apesar de muito já ser falado, vou também meter a minha colherada sobre o tema, e, em particular, sobre as eleições no concelho de Loures.
Como referi em novembro último, o Presidente da República, procurando ser demasiado interventivo, facilitou o aparecimento de uma potencial crise política, com a consequente, mas não inevitável, convocação de eleições antecipadas.
Os partidos ditos de esquerda, que deveriam estar envolvidos e imbuídos de um espírito responsável, decidiram, por razões que se verificaram pouco ou nada compreensíveis, chumbar o Orçamento na generalidade e com este cenário contribuíram para as referidas eleições antecipadas.
Pretendeu-se que o Partido Socialista assumisse propostas que não eram as suas, não percebendo que se vivia ainda num clima de pandemia, e alinharam com a direita, encurralando o partido do governo e procurando tirar dividendos dessa sua atitude.
Enganaram-se.
As sondagens, que diariamente contribuíram para a criação de um clima de instabilidade e insegurança, fizeram com que esta campanha tivesse contornos atípicos.
A oposição contra o partido do governo foi total. Não só os partidos de direita, mas igualmente, a esquerda quase que totalmente unida, apontavam o papão da uma eventual maioria absoluta, e o cataclismo que daí poderia advir. O povo que se cuidasse, que se a maioria se concretizasse, viveríamos um período de trevas negras.
Mas a população, talvez com o receio de um ressurgir de uma maioria de direita, votou em consciência. Os resultados apurados demonstraram, de forma muito clara e expressiva, que a grande maioria, deseja e prossegue um clima de estabilidade governativa no país.
E, uma vez mais, o que também começa a ser preocupante, as sondagens mostraram-se falíveis, já que nem sempre a opinião pública acompanha a opinião que se publica.
Quando a dívida pública e o desemprego estavam, e estão, a baixar, o crescimento económico continua a verificar-se, e se percebe que a tal bazuca poder ser muito importante nos próximos anos, o povo é sempre quem mais ordena, e não se equivocou. Votou pela estabilidade.
E os grandes perdedores foram mesmo os partidos da dita esquerda. O Bloco, continuando a ser um partido de protesto, foi o grande perdedor. Mas também a CDU, que perdeu parte muito significativa do seu grupo parlamentar, o PEV que deixou de ter representação, e o PAN, que ficou reduzido a um deputado. Salvou-se o Livre que “recuperou” o deputado perdido no mandato anterior.
Infelizmente, porque poderá ser um mau presságio, o Chega elegeu um grupo parlamentar expressivo, apesar de quase ninguém conhecer quem são ou ao que vêm. O CDS ninguém sabe dele. Rodrigues dos Santos, qual ilusionista, fê-lo desaparecer.
E Loures, como já o tinha referido num texto anterior, é mesmo um concelho socialista. Depois da vitória autárquica, que fez ressurgir a esperança nos lourenses para o desenvolvimento de um concelho algo estagnado, foi a votos e reforçou a votação no Partido Socialista.
O PS sozinho (46,56%) teve mais votos que toda a direita junta (34,86%). Assim, o governo que sairá deste ato eleitoral, terá de olhar para Loures com redobrada atenção.
Poderia aqui falar de inúmeros projetos que existem e têm de ser concretizados num futuro próximo, mas refiro somente o Metro, como um investimento muito importante e estruturante para o concelho.
Vão ser quatro anos de muito trabalho, mas que serão certamente de êxito.