Opinião de João Pedro Domingues
Fazer o que ainda não foi feito
3 de dezembro de 2023
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Loures viveu, no passado recente, oito anos de letargia, de inoperância e de falta de visão estratégica, que nem a pandemia consegue justificar.
Tudo ficou adiado, pensando os atores políticos da altura que conseguiam iludir a população, vencer as eleições e fazer o que ainda não tinham conseguido fazer nos dois mandatos em que estiveram à frente dos destinos do Município.
A nova Administração saída do ato eleitoral demorou um ano para, como se costuma dizer, pôr a casa em ordem, organizar os serviços municipais e honrar os compromissos assumidos, bem ou mal, mas legitimamente, pela Administração cessante.
Houve contratempos que não se perspetivavam, como a invasão da Ucrânia, que fez disparar os preços de quase tudo, e com especial relevância, os preços das empreitadas de obras públicas, em que, por exemplo, a construção do passadiço do passeio ribeirinho, passou de 7 milhões para mais de 13 milhões de euros.
E, como será 2024? Com a ponderação devida, dado o contexto económico mundial e mesmo as incertezas nacionais, o orçamento obrigará a uma abordagem cuidadosa e rigorosa.
Contudo, percebe-se a necessidade da recuperação de anos de falta de investimento no Concelho, tentando aproveitar as oportunidades de financiamento externo, alavancadas no PRR, no Programa Repor Loures (foi o concelho mais penalizado pelas cheias) e no orçamento de estado. Mas, conseguir recuperar o tempo pedido obrigou à contratação de empréstimos bancários de alguma monta.
É um orçamento de 328 milhões de euros. O maior de sempre. Mas coerente e realista. Só para a construção de nova habitação e para a reabilitação do parque habitacional municipal são alocados 66 milhões de euros.
E continua a grande aposta na Educação: mais de 23 milhões para a construção e requalificação do parque escolar. A Escola do Infantado, da Covina, da Portela da Azóia, do Zambujal, bem como as duas escolas de Camarate, serão brevemente uma realidade. E, aproveitando os fundos comunitários e nacionais, mais de 40 milhões servirão para a requalificação das escolas Maria Veleda, Gaspar Correia, Mário de Sá Carneiro, Luís Sttau Monteiro, José Afonso e Secundária de São João da Talha, entre outras.
Para além da requalificação e melhoramento dos atuais Centros de Saúde, serão construídos os novos Centros de Saúde do Catujal, dos Tojais, da Bobadela e de Camarate. Um investimento de mais de 17 milhões de euros.
No espaço público, a aposta centrou-se nas reabilitações do jardim de Moscavide, do Parque Adão Barata, do Parque do Cabeço de Montachique e do Parque Urbano de Santa Iria, e em dar, ainda, um grande enfase à construção do novo parque Tejo Trancão, à nova ponte pedonal sobre o IC2 e ao Parque Urbano da Portela Norte.
Outra intervenção há muito ansiada será uma realidade neste mandato: falo da saída da A1 em São João da Talha. A cobertura de 10 polidesportivos e a construção do novo estádio municipal no Infantado serão infraestruturas desportivas muito importantes.
Uma área onde se tem refletido um enorme trabalho, tem a ver com a tão ansiada legalização dos bairros de génese ilegal, há muito adiada, mas que tem visto, nos últimos dois anos, um acelerar dos procedimentos e da consequente legalização.
Finalmente, uma bandeira que foi tema de petições, vigílias e outras manifestações conhecidas, mas que só agora houve força e empenho político, para levar por diante, é a expansão da rede de metropolitano a Loures, a designada linha violeta. Havia indefinição no financiamento, mas foi conseguido afetar ao PRR e ao orçamento de estado um total de mais de 500 milhões de euros a este projeto, fundamental para se poder prescindir do transporte individual, e prosseguir na descarbonização.
E pode-se perguntar. É preciso fazer tudo isso?
E a resposta é simples: Sim, é preciso. Porque tem de se fazer o que ainda não foi feito.