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João Pedro Domingues – Professor
João Pedro Domingues
Professor

Opinião de João Pedro Domingues

Educação: que solução?

3 de fevereiro de 2025
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A Câmara Municipal de Loures estabeleceu a Educação como umas das suas maiores prioridades para o presente mandato que está a terminar. As escolas existentes no concelho apresentavam-se, na sua grande maioria, com falta de dignidade e de condições para quem ali ensinava e quem ali aprendia.
O esforço foi por demais evidente e é fácil verificá-lo: foi já concluída a remodelação da Escola da Covina em Santa Iria de Azóia; está em construção a nova Escola da Portela de Azóia e a Escola nº 5 de Camarate; vai iniciar-se em fevereiro a construção e ampliação das Escolas do Infantado, em Loures, e do Zambujal, nos Tojais.
Aproveitando os valores disponibilizados pelo PRR, e, ainda assim com um significativo esforço financeiro municipal, em fevereiro serão lançadas as primeiras pedras da construção da Escola Maria Veleda em Santo António dos Cavaleiros e da Escola Gaspar Correia na Portela.
São muitos milhões de euros que vão ser investidos na construção e dignificação destes equipamentos escolares. A autarquia está a cumprir o seu papel e o seu compromisso com a população.
Mas de que servirão estes novos equipamentos, quando a população escolar está a aumentar, muito pela entrada de alunos provenientes de outros países, e quando se continua a verificar a falta de uma parte muito importantes nesta problemática: os professores?
Em 2021 faltavam no sistema cerca de 3 mil docentes, daqui a 2 anos devem sair das nossas escolas cerca de 4700 professores, e, segundo as previsões já conhecidas, em 2031 devemos assistir à falta de mais de 8000 professores para colocar em vagas permanentes (já não falando nos professores sempre necessários para colmatar ausências, motivadas por vários fatores).
Segundo estudos recentes, se nada mudar nessa altura só não haverá falta de professores de educação física, o que é demasiado preocupante.
Apesar do atual governo afirmar, em campanha claro, que iria resolver este problema, nada aconteceu, tendo até piorado nalgumas situações. Alunos sem aulas, a uma a mais disciplinas, continua a ser uma constante.
A falta de atratividade de uma profissão que causa um enorme desgaste, a instabilidade de uma colocação ou de um horário, a distância em relação às suas residências, aliado à ausência de um apoio significativo para deslocações ou residência, são fatores há muito diagnosticados pelos vários governos.
E também há muito que se conhece a desmotivação e o envelhecimento da classe docente.
O que tem sido feito pelos vários governos, não sendo uma responsabilidade exclusiva do atual? Pouco ou mesmo nada: algumas medidas paliativas, como o plano “mais aulas, mais sucesso”. Mas como também referiu David Justino, estas são medidas com impacto meramente conjuntural, mantendo-se o problema estrutural.
O que fazer então? Quase que obrigatoriamente há que aumentar o número de vagas nos cursos de formação de professores, especialmente onde existe mais carência de docentes. Sabendo, no entanto, que esta medida só poderá sentir-se no prazo mínimo de 3 anos.
É forçoso que se estimule a carreira docente, que se dignifique a imagem do professor, que se criem incentivos de carreira, que se acabe com a precariedade, que se promovam verdadeiros incentivos para os professores deslocados, nomeadamente no apoio à habitação.
Se este fosse um problema fácil de resolver, decerto que há muito estaria resolvido. Mas, se o mesmo não for encarado sem preconceitos, e se não se envolverem políticos, professores, sindicatos, bem como toda a sociedade, será um problema sem solução. Um país sem professores, sem educação, será um país sem futuro.
Tarda em haver um pacto de regime para a educação. A educação é um problema de todos que urge resolver.

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