Opinião de João Pedro Domingues
As Coletividades em pandemia
5 de fevereiro de 2021
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2021 começou. E não começou da melhor maneira, ao contrário do que todos nós ansiávamos. E só nos podemos queixar de nós próprios, e da irresponsabilidade que foi gritante nalguns locais e envolvendo uma parte significativa da população.
Os números das pessoas infetadas e, em especial, dos óbitos, tem sido assustador. E só depende de cada um de nós inverter essa situação. E urge reverter essa situação.
Para além desta questão tão negativa, foi notícia a eleição do Presidente da República. E, aqui, nada de novo. Marcelo Rebelo de Sousa ganhou à primeira como era expectável, e a luta renhida, foi saber quem seria o primeiro dos últimos.
É um facto que neste combate ganhou Ana Gomes, mas André Ventura surge igualmente, infelizmente, como um dos vencedores da noite.
Não é possível, nem deve ser feita a extrapolação destes resultados de uma eleição eminentemente pessoal, para outra qualquer eleição, em especial eleições autárquicas, onde o Chega irá ter o seu primeiro e verdadeiro teste real. Espero sinceramente que, para bem da população, não lhes corra nada bem.
Mas hoje queria falar, mesmo que brevemente, das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto que possam, e estão, atualmente a passar por imensas dificuldades para a sua subsistência.
As Coletividades, quer se dediquem à formação desportiva, quer à parte cultural e de recreio, substituindo-se ao Poder Central, na ocupação dos tempos livres dos nossos jovens, estão por causa da pandemia, em riscos de fechar as suas portas.
Estas Coletividades, e existem-nas fantásticas no concelho de Loures, desempenham um papel fundamental na vida da comunidade onde estão inseridas. Ocupam-se do ensino da música, da dança, da ginástica, das artes marciais e do desporto de formação. E vão subsistindo, para além das quotizações dos seus sócios e praticantes, das receitas dos seus pequenos bares.
A Covid levou a que cerca de 3 milhões de portugueses deixassem de poder ocupar os seus tempos livres nas mais de 30 mil Coletividades deste país.
A pandemia impediu a realização de inúmeras competições desportivas de formação, quer masculinas quer femininas.
O sedentarismo a que os nossos jovens têm sido “obrigados”, começa a ser preocupante. Os dados disponíveis dizem-nos que entre 2018 e 2021 os atletas federados diminuíram cerca de 78%. O aumento deste sedentarismo pode ter consequências graves na saúde física, mas também mental nos nossos jovens.
Fomentou-se, junto dos mais jovens, a ideia que só a competição desportiva é verdadeiramente importante, e agora que as mesmas se encontram suspensas e as Coletividades encerradas, ou perto disso, não se tem conseguido motivá-los para uma qualquer atividade física.
Os computadores e as playstations e afins, estão a ganhar esta luta, e a promover a obesidade dos mais jovens e, nalguns casos, dos menos jovens. A pandemia obriga-nos a estar confinados, mas não nos impede de, com moderação e com os necessários cuidados, fazer exercício físico diária ou regularmente.
Para além dos jovens, as Coletividades eram, e são, fundamentais para a saúde mental dos mais idosos, que, não se podendo encontrar diariamente nestes locais de convívio, ficam entregues à solidão das suas residências.
É fundamental que, logo que seja possível, possam retomar as suas atividades, para que os mais idosos possam regressar em segurança a um convívio salutar, e os mais jovens possam retomar as suas atividades musicais, culturais, e a sua formação desportiva, muito embora não vá ser tarefa fácil incentivar as pessoas a regressar aos seus Clubes e às suas Coletividades.
O Governo, mas acima de tudo as Autarquias, quer as Câmaras Municipais, quer as Juntas de Freguesia, têm de ter um papel importantíssimo no apoio às Coletividades, não permitindo que morram. Deixar morrer uma Coletividade é deixar morrer uma parte importante, e por vezes insubstituível, da nossa comunidade.
Acredito que tal não irá acontecer, porque acredito que as Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto são fundamentais para as comunidades onde estão inseridas.