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The Kills Ash and Ice
2 de julho de 2016
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18 anos após a sua fundação, em Londres, o duo The Kills composto pela americana Alison Mosshart, nas vozes e guitarras e pelo britânico Jamie Hince, voz, guitarra e bateria, regressa às edições. No caso o quinto traba-lho de originais intitulado “Ash an Ice”, nascido de um longo e atri¬bulado hiato de 5 anos, posterior à edição de “Blood Pressures” em 2011.
Neste período Jamie casou e divorciou-se de Kate Moss, mas não menos influente nos Kills terá sido o acidente com a sua mão esquerda e as 5 intervenções cirúrgicas a que foi sujeito, obri¬gando-o basicamente a reapren¬der a tocar guitarra. Os Kills lançaram o álbum estreia “Keep on your mean side” em 2003, um manifesto de sexy blues/punk/garage/rock'n'roll, fresco e agridoce que tanto bebe do som cru dos White Stripes, quanto da candura dos Velvet Underground, passando pelas vocalizações ao jeito PJ Harvey/Patti Smith de Alison Mosshart.
No segundo trabalho de 2005 “No wow”, os Kills conseguiram apresentar-se ainda mais obs¬curos nas suas composições, monocromáticos mas não monó¬tonos e a ir directos ao assunto da linguagem rock.
Já em “Midnight Boom” de 2008, provavelmente o álbum dos Kills mais aclamado até à data, o preto e branco dá lugar à cor, aliás às múltiplas cores, que a desinibição da maturidade de VV (Alison) e Hotel (Jamie) per-mitem, resultando num trabalho mais diversificado, alegre e rico de conteúdo com direito a electro rock de garagem à la Suicide, uma das referências de sempre da banda.
Em 2011 a edição de “Blood Pressures”, um trabalho menos imediato e exuberante que o anterior, prova desde logo que os Kills não são capazes de fazer maus discos e que têm sempre algo de novo para nos dar. Tem menos de um mês a edição de “Ash and Ice”, para a Pichfork uma interpretação dos elemen¬tos fogo, personificado por VV e água personificado por Hotel, que ora se equilibram ora se desequilibram, numa espécie de compilação em temas novos do que havia sido feito nos traba-lhos anteriores, nem sempre com o rasgo de génio ou o efeito surpresa já atingido, mas ainda assim oferecendo um conjunto de temas mais que digno da his¬tória dos Kills, recheado de letras amarguradas mas conseguidas e com direito até a ritmos afro-bra¬sileiros, escute-se “Hard habit to break”.
Destacam-se ainda os temas “Doing it to death” e “Heart of a dog”, singles promocionais deste cinzas e gelo, “That love” ao estilo simples de John Lennon e o ambiente dreampop de “Echo home” num total de 50 minutos, ou seja o disco mais longo da banda.
Ao vivo os Kills já provaram ser demolidores, nomeadamente nos festivais de verão de anos passa¬dos em Portugal.
Regressam ao nosso País nos dias 3 e 4 de Novembro, em Lisboa e no Porto respectiva¬mente, para apresentar este “Ash and Ice” concerto a não perder, definitivamente.
Este colunista escreve em concordância com o antigo acordo ortográfico