Ninho de Cucos
LUCY DACUS - FOREVER IS A FEELING
7 de abril de 2025
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Lucy Dacus acaba de lançar “Forever is a Feeling”, quarto álbum de originais a solo, o primeiro com selo da gigante editora Geffen Records, muito a reboque do sucesso com o coletivo Boygenius de que Lucy faz parte e que foi já objeto de artigo no Notícias de Loures.
À beira de cumprir 30 anos de idade, este trabalho representa um assinalável momento de criação artística da cantora e compositora natural de Richmond na Virgínia, costa leste americana.
Após o álbum anterior “Home Video” de 2021, Lucy Dacus acabou por viver e usufruir intensamente da ascensão meteórica da sua banda Boygenius, com as parceiras Phoebe Bridgers e Julien Baker, a liderar a tabela de álbuns no Reino Unido, a atingir o top five nos EUA e a esgotar um concerto no Madison Square Garden. E é precisamente este crescimento que legitima e sustenta, pela base alargada de fãs, “Forever Is a Feeling”.
Produzido pela própria Lucy Dacus e Blake Mills, o som agora bem mais expansivo, relativamente a “Home Video”, inclui participações de Mills em vários instrumentos, as companheiras de banda nos coros e ainda Madison Cunningham nas guitarras e Phoenix Rousiamanis em violino e nos teclados, entre outras colaborações como a de Hozier no dueto “Bullseye”, uma terna memória baseada na guitarra acústica e no pedal steel, sobre o amor sem arrependimentos após o final de uma relação.
Os 13 temas do álbum assumem formas diferentes, incluindo uma abertura dissonante "Calliope Prelude", o suspense do piano e das cordas em "Limerence" ao estilo cabaret ,as texturas fortes e saturadas de “Talk” e o rock midtempo de "Most Wanted Man", cujos tons de guitarra mais pesados remetem para os Beatles, no entanto o tom geral do bloco instrumental/vocal é suave e terno, algo muito perceptível no excelente cartão de visita e single “Best guess”, cujo o vídeo de figuras musicais andróginas transmite uma enorme felicidade.
Lucy Dacus demonstra em “Forever is a Feeling” ser uma das compositoras mais românticas e intensas da sua época no cenário indie rock. Desta feita aludindo ao folk intimista, de belos e polidos arranjos, como já haviam feito Cat Power e Angel Olsen, ideal para nos conduzir a uma jornada sentimentalista e das emoções pessoais em torno das suas tormentas amorosas mas sem ressentimentos.
É por tudo isto um trabalho muito positivo e a merecer a nossa atenção sem reservas.