Ninho de Cucos
Holy Wave Interlooper
4 de agosto de 2020
Partilhar
Os Holy Wave são um quinteto de Austin, no Texas, formado em 2008 e constituídos pelos multi intrumentalistas Kyle Hager e Julian Ruiz e ainda Ryan Fuson, Joey Cook e Dustin Zozaya.
Desde 2014 o grupo editou 4 álbuns numa cadência constante de dois em dois anos (além de alguns singles e ep’s anteriores) e neles se identifica uma sonoridade que vai do neo psicadelismo, ao dream pop e ao shoegaze.
O último álbum “Interlooper” editado no passado mês de julho e que serve de base a este artigo é, porventura, o mais ambicioso e profundo dos Holy Wave.
A banda não esconde ao que vai, com o seu sentido de urgência no sonho pop psicadélico, explorado por Kyle e Julian na dicotomia entre o recato da vida caseira e o bulício da estrada, intercala diversas camada de guitarras sobrepostas com sintetizadores repletos de texturas espaciais e atmosféricas e vozes suaves, em temas com um beat lento ou a meio tempo, salpicadas por outros mais rápidos e negros.
O romantismo abre o disco com “Schmetterling”, lidera com os arpegios giratórios de sintetizadores arejados, invocando a neblina de um dia de praia e está carregado de suspiros reverberados apoiados num ritmo de bateria contagiante, num tema que revela esperança e requinte .
O cariz romântico continua no segundo tema, "R&B", muito ao jeito dos Spiritualized. Liricamente simples e quase cor de rosa, tal como o segundo single escolhido, “Escapism”, ao contrário de "No Love" que oferece o oposto polar - uma dolorosa infelicidade e um sentimento de insegurança, instrumentada pelo caos de trompetes descontrolados e guitarras distorcidas e do garage rock e aceleramento tumultuoso de "Hell Bastards", “I’m not living in the past anymore” e “Buddhist Pete”.
É nesta dualidade que se desenrola “Interlooper”, preenchido por guitarras com delays, órgãos vintage vox e mini moogs, influências de Stereolab, My Bloody Valentine e Spacemen 3.
Temas com a duração adequada, nem demasiado curtos nem longos e bem produzidos, tornam a escuta do álbum fluída e deveras agradável.
Uma possível receita para os finais de tarde do mês de agosto, em férias ou após o trabalho.