Ninho de Cucos
Beirut - Hadsel
3 de dezembro de 2023
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Os Beirut são a orquestra de Zach Condon, o músico norte-americano nascido em Santa Fé a 13 de fevereiro de 1986.
Para melhor vos situar, a música dos Beirut combina elementos folk do Leste Europeu, onde Zach passou uma temporada na recolha de sonoridades locais que acabam por, ainda hoje, caracterizar e diferenciar a banda.
Instrumentos de sopro como a tuba/ bombardino e o acordeão compõem a orquestra regida por Condon, que tem no fliscorne e no ukulele os seus principais instrumentos.
Curiosamente o ukulele foi uma alternativa que surgiu numa época em que Zach Condon estava impedido de tocar guitarra por ter magoado o pulso.
Pois os Beirut, estão de volta após 4 anos de interregno, com a edição de “Hadsel” sexto álbum de originais, lançado no mês passado pela Pompeii Records, editora do próprio Zach Condon.
“Hadsel” contém 12 temas que são uma prova de vida do músico, inspirados por uma série de experiências marcantes de caráter pessoal, como o alcoolismo e os seus efeitos na própria saúde mental e à escala global, uma pandemia que atravessou todo o processo criativo.
O álbum “Hadsel” ficou igualmente marcado por problemas nas cordas vocais de Zach Condon que o forçaram a cancelar a tour 2019 e o levaram para a ilha de Hadsel no norte da Noruega em busca de recuperação e inspiração.
Foi portanto, nestas condições extremas do ártico, na ilha de Hadsel (onde conheceu um melómano que lhe proporcionou acesso ao de órgão da igreja local) que Zach Condon trabalhou, na composição e gravação do álbum durante dois meses, moldando-o entre as belezas naturais das montanhas, fiordes e luzes do norte.
O primeiro single, o belíssimo “So Many Plans”, anda à volta dos sentimentos de pertença, aceitação, esperança e desistência e incorpora instrumentos únicos, como o ukelele barítono, o órgão de igreja e o sintetizador modular. Estes instrumentos e as formas diferentes de os abordar, conferem originalidade ao som da orquestra que tanto se inspira nos balcãs, como no Brasil, ou agora no Ártico.
Noites passadas em músicas ao órgão de igreja com arranjos de trompete e sintetizadores, resultam num álbum que marca um retorno às raízes solitárias mas autoconfiantes de Beirut, projeto nascido de muitas madrugadas no seu quarto de adolescência.
Zach Condon descreve a sua experiência em Hadsel como um período de introspecção, onde a natureza majestosa e as condições climáticas o inspiraram a criar.
“Aproveitei o meu tempo por lá para trabalhar duro na música. Andei perdido, em transe e a tropeçar cegamente no colapso mental eminente que andava a evitar desde que era adolescente”, explicou Condon.
“Regressou o colapso mental e tocou-me como se fosse um sino. Agonizava com muitas coisas do passado, do presente, enquanto a natureza, as luzes do norte e as temíveis tempestades davam um espetáculo incrível ao meu redor”, descreveu.
“As poucas horas de luminosidade mostravam-me a beleza das montanhas, dos fiordes e os crepúsculos que duravam horas eram um motivo de excitação. Gosto de acreditar que este cenário se reflete, de alguma forma, na música que criei.”
E não é que se reflete mesmo no melhor sentido?!
A não perder!