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Opinião
Gonçalo Oliveira – Actor
Gonçalo Oliveira
Actor

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O Teatro é a minha vida e a minha morte (Mário Viegas)

7 de maio de 2016
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O Teatro Português, mas infeliz¬mente não só, neste ano de 2016 tem ficado sucessivamente mais pobre! Ao palco já não voltarão a subir António Filipe (Artistas Unidos, Teatro Aberto, o Teatro Ibérico, o Teatro do Século, e o Teatroesfera e na televisão em Até Amanhã, Camaradas de Joaquim Leitão e na telenovela Perfeito Coração); Joaquim Rosa (A Banqueira do Povo ou Médico de Família); Jorge Sequerra (Bem Vindos A Beirais, Nico de Obra, Médico de Família, A Minha Sogra é uma Bruxa, Morangos com Açúcar e Floribella); José Boavida (Televisão: Telhados de Vidro, Inspetor Max, Doce Fugitiva, Morangos com Açúcar e, mais recentemente, Bem-vindos a Beirais; e no cinema em O Grande Kilapi, de Zézé Gamboa, A Vida Privada de Salazar, de Jorge Queiroga, O Contrato, de Nicolau Breyner, Amália - O Filme, de Carlos Coelho da Silva, O Mergulho, de Jorge Paixão da Costa, Até Amanhã Camaradas, de Joaquim Leitão, Capitães de Abril, de Maria de Medeiros e Alta Fidelidade, de Tiago Guedes e Frederico Serra); Nicolau Breyner (Actor, realizador, produ¬tor e apresentador de televisão. Entre muitos outros trabalhos: ‘Vila Faia’, ‘Cinzas’, ‘Senhor feliz e senhor contente’, ‘Eu Show Nico’, ‘A Bela e o Paparazzo’, ‘Os Imortais’, ‘Os gatos não têm vertigens’ de António-Pedro Vasconcelos), ‘Corrupção’ de João Botelho e ‘A arte de Roubar’ de Leonel Vieira).

O último a fechar o pano foi Francisco Nicholson.
A vida é para ser vivida, não morrida.

(Francisco Nicholson)

Francisco António de Vasconcelos Nicholson, mais conhecido como Francisco Nicholson (Lisboa, 26 de Junho de 1938 – Lisboa, 12 de Abril de 2016), foi actor, argu¬mentista televisivo, dramaturgo e encenador português.

Nasce no seio de uma família ligada à arte.

Começa a fazer Teatro no anti¬go Liceu Camões pela mão de António Manuel Couto Viana, que o convidou a integrar o Grupo da Mocidade onde se cruzou com Rui Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar, Mário Pereira, entre outros. Estudou em Paris na Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire.

Estreou-se, profissionalmente, como actor e autor, com a peça infantil “Misterioso Até Mais Não”, no Teatro do Gerifalto.

Fez parte dos elencos da Companhia Nacional de Teatro e do Teatro Estúdio de Lisboa.

Raul Solnado convidou-o para inaugurar o Teatro Villaret inte¬grando o elenco da peça “O Inspector Geral” de Nicolau Gogol.

Foi no Teatro ABC que se popu¬larizou com o teatro de revista. Estreou-se com "O gesto é tudo" ao lado de Eugénio Salvador, Camilo de Oliveira e a brasileira Berta Loran. Com a peça “Gente Nova em Bikini” afirma-se como autor (em conjunto com César de Oliveira e Rogério Bracinha), actor (ao lado dum elenco muito jovem com nomes como Ivone Silva, Manuela Maria, Irene Cruz, Henriqueta Maya, António Anjos, Iola e João Maria Tudela) e tam¬bém encenador.

Na televisão dá-se a conhecer com Riso e Ritmo (autor, actor e produtor). É um dos autores da canção "Oração" com que António Calvário venceu, em 1964, o primeiro Festival RTP da Canção.

Paula Ribas esteve no Festival internacional da Canção do Rio de Janeiro, com “Canção de Paz para todos nós” de sua autoria e de Jorge Costa Pinto. Vitória Maria participa depois nas Olimpíadas da Canção, em Atenas, novamente da mesma dupla que também escreveram para Madalena Iglésias as can¬ções “Amar é vencer”, apresen¬tada no III Festival Internacional da Canção e "Tu Vais Voltar" que obteve o 4.º lugar nas Olimpíadas da Canção na Grécia. Como autor conquistou por duas vezes o Festival da Canção da Figueira da Foz.

Como letrista escreveu para António Calvário, Madalena Iglésias, Tony de Matos, Simone de Oliveira, Paula Ribas, Marco Paulo, Fernanda Batista, Fernanda Maria, Maria da Fé, Maria Armanda, Ada de Castro, Lenita Gentil, Florbela Queirós, Anabela, Natércia Maria, Mariema, José Bravo, Vitória Maria, Maria Lisboa, João Braga, “Os Três de Portugal” e “Conjunto Sem Nome”.

No cinema assinou os guiões dos filmes Operação Dinamite (1967) e Bonança & Cª (1969) de Pedro Martins.

Tem o seu regresso ao Teatro ABC com “É o fim da macacada”, que escreveu com Gonçalves Preto e Rolo Duarte e também encenou, “Pró menino e prá menina” e “Tudo a Nu”, em que é um dos autores, intérprete e encenador.

“Tudo a Nu” estava em cena, com grande êxito, no Teatro ABC no dia 25 de Abril de 1974. Com o final da censura são repostos os cortes efectuados pelos cen¬sores e modificado o nome para “Tudo a Nu com Parra Nova”.

Com a participação de nomes importantes do nosso espectá¬culo como a bailarina Magda Cardoso, o coreógrafo Fernando Lima, ou o cenógrafo e figurinista Mário Alberto é um dos fundado¬res do Teatro Adóque que provo-cou uma alteração no Teatro de Revista.

Vence a Grande Marcha de Lisboa, em 1981, com "Cantar Lisboa", em colaboração com Gonçalves Preto, Braga Santos e Fernando Correia Martins. Foi o autor de "Vila Faia", a primeira telenovela portuguesa. Repetiu o papel em "Origens" de 1983.

Regressa ao Parque Mayer escrevendo com Henrique Santana, Mário Zambujal, Rogério Bracinha e Augusto Fraga a Revista "Não batam mais no Zezinho", no Teatro Maria Vitória, em 1985, que permanece dois anos em cartaz. Seguem-se uma sucessão de Revistas de que foi figura de topo.

Dirigiu e interpretou vários pro¬gramas como "Clubíssimo", "O canto alegre" e "Euronico". Em 1992 escreveu a telenovela "Cinzas" da RTP. Em 1995 vol¬tou a vencer a Grande Marcha de Lisboa, desta vez com música de Rui Serôdio.

Foi também autor de outras novelas e séries para televisão, como "Os Lobos", "Ajuste de Contas", "Ganância", "O Olhar da Serpente", entre outras.

Colabora com a revista "Já Viram Isto?!...", estreada em 25 de Outubro de 2006, onde aparece uma nova equipa de criadores, cabendo a si a direcção, coorde¬nação e encenação.

Em 2007 entrou na telenove¬la "Fascínios" da TVI, onde desempenhou o papel de João Andrade. Tem participações em episódios de "Casos da Vida" e "Bem Vindos A Beirais".

Entre alguns prémios conquis¬tados foi distinguido com a “Medalha de Ouro de Mérito Cultural”, atribuída pela Câmara Municipal de Lisboa. Também foi galardoado pela autarquia de Oeiras. Na imprensa, colabo¬rou no suplemento A Mosca do Diário de Lisboa e em A Bola, Diário Popular, Capital, Jornal de Notícias, Norte Desportivo, Revista R&T.

Faleceu agora, a 12 de abril de 2016, aos 77 anos de idade, no hospital Curry Cabral, em Lisboa.

Era casado com a bailarina e também actriz Magda Cardoso e pai da actriz Sophia Nicholson.

Mas tal como dizia, “A vida é para ser vivida, não morrida”. E… o espectáculo tem de continuar!!! Um sentido obrigado a todos eles da minha parte! Pelo que me ensinaram como Artistas e como Homens! Por tudo! Bem hajam! E como se diz nos Açores… Haja saúde!

Este colunista escreve em concordância com o antigo acordo ortográfico

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