P'la caneta afora
A ARTE DA INTERROGAÇÃO
3 de abril de 2021
Partilhar
Devia ser obrigatória, a Arte da Interrogação.
Todos os dias e a todas as horas devíamos pelo menos fazer uma pergunta a cada hora.
Mas à velocidade a que o nosso tempo nos obriga a correr, uma interrogativa a cada hora já me parece pouco. Devíamos voltar a ser crianças e regressarmos à idade dos “porquês”. E nunca mais devíamos sair dela!
Devíamos estar constantemente a perguntar “porquê”?
Tudo, mas tudo mesmo, tem de ter uma explicação.
A (i)lógica do “porque sim” devia ser banida!
Aquela frase batida do “porque eu quero”, devia, igualmente, ser banida.
Temos de saber justificar/explicitar o “porquê” de querermos.
Já não vivemos na época do “Quero, Posso e Mando”!
A ninguém foi passado um diploma de “Quero, Posso e Mando”.
Já nos foi mais que explicado, por exemplo, a razão do confinamento e da distanciação social e do uso da máscara, mas mesmo assim ainda há quem não tenha percebido.
Experimentem sair e ir a um hipermercado fazer compras. É uma vergonha. E a culpa não é dos seguranças privados, nem dos funcionários. É nossa, unicamente.
Experimentem entrar num autocarro. A vergonha é a mesma. E a culpa não é do motorista. É unicamente nossa.
Há dias contaram-me que num desses estabelecimentos, uma médica de um centro de saúde viu uma doente a quem no dia anterior ela própria tinha diagnosticado Covid19. Informou o gerente de loja, que prontamente disse que ia pedir à pessoa infectada que saísse do estabelecimento e, para que os outros clientes não soubessem quem era a pessoa em causa, pediu pelo microfone: “Pede-se à pessoa que está infectada com Covid19 o favor de sair do estabelecimento”.
Pasme-se!!!!
Saíram 6 pessoas!
SEIS PESSOAS!
Sim, leu bem: Seis pessoas!
Alguém me explica o que vai na cabeça das pessoas?
Ou sou eu que sou mesmo muito grunho?
Somos todos estúpidos e só aquelas seis pessoas foram bafejadas pela inteligência?
Como diria Luis Filipe Scolari: E o burro sou eu?