Frederico Lopes
Uma Aventura no meu bairro…
3 de setembro de 2016
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A progressiva liberdade conce¬dida pelos pais às crianças e jovens para se deslocarem sem supervisão adulta nos espaços de vizinhança e na cidade, defi¬nida como independência de mobilidade, tem sido alvo de pesquisas internacionais a partir do final da década de 70 e de estudos realizados em Portugal desde o final dos anos 90. A autonomia e a liberdade de acção, exploração e de brincar no espaço público é essencial para o desenvolvimento físico, motor, social, cognitivo, neuro¬nal e emocional das crianças e jovens; bem como para a sua saúde e bem-estar físico e mental.
Recentemente, o Laboratório de Comportamento Motor da Faculdade de Motricidade Humana - Universidade de Lisboa participou num estudo internacional, alargado a um conjunto de 16 países, sobre a independência de mobilidade de crianças e jovens. Nesta pes¬quisa, foram estudadas um con¬junto de licenças parentais de mobilidade autónoma no espaço público (ex.: autorização para a criança sozinha, ou acompanha¬da por outras crianças, se des¬locar entre a casa e a escola, pela sua vizinhança, andar de bicicleta, entre outras) de 1099 participantes, entre os 8 e os 15 anos de idade, e respectivos adultos cuidadores.
Infelizmente, os resultados deste estudo confirmaram os nossos piores receios e expec¬tativas, colocando Portugal na posição de 14º, ao lado da Itália, relativo aos níveis de indepen¬dência de mobilidade das crian¬ças! Esta redução drástica de independência de mobilidade em Portugal é mais sentida nos grandes centros urbanos. As posições cimeiras são ocupa¬das pela Finlândia, Alemanha e Noruega, respectivamente. No geral, a maior parte das crianças e jovens portuguesas adquire autonomia nas diferentes licen¬ças de mobilidade já muito tar¬diamente, a partir dos 13-14 anos de idade. Por contraste, na Finlândia, é por exemplo comum e aceitável que crianças entre os 8-9 anos de idade se deslo¬quem sozinhas para a escola!
Este colunista escreve em concordância com o antigo acordo ortográfico