Joana Roubaud - Farmacêutica
Polimedicação no idoso
8 de maio de 2018
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A polimedicação, que de forma sucinta significa a toma concomitante de vários medicamentos, é atualmente um risco para a saúde pública, em particular para a saúde dos idosos. Esta é, inclusivamente, uma das principais causas evitáveis de hospitalização.
Os idosos, pelo facto de reunirem habitualmente várias doenças crónicas, por estarem frequentemente polimedicados com pelo menos 3 ou 4 medicamentos por dia, e pelas suas particularidades clínicas, são especialmente vulneráveis a esta prática.
A polifarmácia (como também é chamada), não só dificulta o alcance dos objetivos do tratamento, como traz consigo riscos que são tanto maiores quanto maior o número de medicamentos em uso simultâneo.
Entre eles destacam-se o aumento da probabilidade de ocorrência de interações medicamentosas, efeitos adversos, contraindicações, equívocos na dose, no horário ou na duração do tratamento, além de erros na prescrição médica ou de dispensa na farmácia.
Gerir eficazmente a medicação, restringindo-a apenas aos fármacos estritamente necessários e com o melhor benefício para o doente, é por isso fundamental.
O estudo europeu Simpathy (Stimulating Innovation Management of Polypharmacy and Adherence in the Elderly) publicado em 2017, veio demonstrar uma necessidade emergente em Portugal de se criarem novas políticas neste domínio, bem como planos de revisão de terapêutica envolvendo diversos profissionais de saúde.
Há, para além disto, medidas importantíssimas que pode e deve implementar na sua rotina de saúde caso seja polimedicado: fidelize-se a uma farmácia para que esta possa monitorizar a sua medicação; seja regularmente vigiado pelo mesmo médico, de preferência o seu médico de família; esclareça sempre as suas dúvidas com os profissionais de saúde; organize eficazmente a sua farmácia doméstica e não se automedique.
Para finalizar é importante ressalvar que nem sempre a prescrição de múltiplos medicamentos é desadequada. Esta abordagem pode ser imprescindível e apropriada, desde que devidamente ponderada pelo médico, de forma personalizada e avaliando a sempre a relação risco-benefício.