Opinião de António Monteiro Fernandes
Os “Vasos Comunicantes” das Finanças Pessoais
9 de julho de 2024
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Estimado Leitor,
Sendo esta a minha primeira “aparição” neste Jornal, começo por, de uma forma muito resumida, me apresentar. Ao longo de 46 anos de vida tive a bênção de: ser escuteiro desde os tenros 6; me cruzar com uma bela Mulher do Concelho de Loures com quem casei; ter três Filhos maravilhosos; me formar em Engenharia Mecânica e, mais tarde, realizar um MBA... Após 22 anos de experiência no ramo Automóvel, decidi tornar-me empresário com uma principal missão: Ajudar o outro e deixar este Mundo um pouco melhor do que o encontrei!
Esta vai ser uma jornada muito interessante para mim... espero que para si também!
Arranquemos então com o tema que nos juntou aqui hoje: Os “Vasos Comunicantes” das Finanças Pessoais!...
Comecemos pelo princípio... “Vasos Comunicantes”. O que é e como funciona?
O sistema de “Vasos Comunicantes” determina que quando temos dois recipientes, não tapados e unidos na sua base por um tubo, com o mesmo líquido, independentemente da forma e dimensão desses “vasos”, este equilibra-se e fica exatamente com o mesmo nível em ambos os recipientes. Isto deve-se ao facto de o líquido estar sujeito à mesma pressão nos dois “vasos”. Neste caso, a pressão atmosférica.
Neste sistema, é curioso que, ao variarmos a pressão num desses “vasos”, a altura do líquido nesse mesmo vaso vai variar e, consequentemente, obrigar a altura no outro “vaso” a variar de modo perfeitamente inverso. Esta variação ocorre até que o sistema encontre um equilíbrio de pressão.
E então? O que tem isto a ver com Finanças Pessoais? Tudo!
Vejamos. As nossas finanças, assim como a Economia Mundial ou local, têm sempre uma tendência para o “Equilíbrio”. E isto é bom?... Depende.
E depende de quê?... Olhando para a explicação dos “Vasos Comunicantes”, vimos que depende “apenas” das diferenças de pressão e, acima de tudo, qual a componente (vaso) que está com maior pressão.
Vamos a uma questão prática e concreta sobre as Finanças das Famílias Portuguesas.
Segundo um estudo do INE, a despesa anual média dos agregados familiares portugueses variou a uma taxa positiva de 17,4%, entre os anos 2015/16 e 2022/23, dos 20.363€ para os 23.900€, ou seja, em 7 anos cada agregado passou a gastar mais 3.537€ por ano, correspondendo a quase 300€ por mês.
A pergunta que se impõe: Quantos dos agregados, passados os mesmos 7 anos, foram aumentados em 300€ mensais? Poucos, diria eu! Em média, certamente que perderam poder de compra.
Voltando aos “Vasos Comunicantes”. Durante este período, aconteceram muitas coisas nas nossas vidas, algumas inéditas, nomeadamente guerras e pandemias, com um impacto enorme em vários fatores que alteraram brutalmente as nossas finanças: preço da energia, do dinheiro, das casas, dos bens de primeira necessidade (sendo os cereais o mais mediático), entre outros. Este aumento de “pressão”, obrigou-nos a desviar parte dos gastos para pagar despesas de Habitação, Água, eletricidade, gás e outros combustíveis. No mesmo estudo, esta rúbrica aumentou 44,4%, passando de um peso nos gastos totais por agregado de 31,9% para 39,3%. Dentro deste “bolo”, o custo com Créditos Habitação subiu 60,2%! Na prática, em 2023, 27,4% dos gastos serviram para pagar a casa, quando em 2016 este valor era de 20,1%.
Ora, se este “Vaso” subiu deste modo tão significativo, o outro teve, obrigatoriamente, que baixar com a mesma intensidade!
Então, onde deixámos nós de gastar para pagar a casa?
A alimentação, o vestuário, a saúde e o ensino são os mais sonantes, com uma redução de peso no orçamento de 5,8 p.p.
É também curioso perceber que o Peixe e os Cereais, foram os alimentos preteridos pelos portugueses para poupar para a renda da casa!
Em suma, quando a conjuntura nos obriga a pagar mais pelo “Vaso” casa, somos obrigados a compensar nos restantes “Vasos”, abdicando de coisas tão básicas como a Alimentação, a Saúde e o Ensino!... é necessário fazermos algo para não abdicarmos do que é essencial!
Como referi, uma das minhas missões enquanto empresário, é ajudar o outro. É isso mesmo que pretendo fazer consigo... na próxima edição falarei exatamente sobre como o poderei ajudar a restabelecer os níveis corretos dos nossos Vasos Comunicantes das Finanças Pessoais!
Até lá, desafio-o a analisar de que modo os seus “Vasos” variaram nos últimos tempos...
Deixe as suas questões e comentários no meu e-mail.
Até já! E se for esse o caso, umas excelentes Férias!