Das Notícias e do Direito
E que tal começar… a mudar o Mundo?!
2 de fevereiro de 2020
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Entrado que está o novo ano, iniciadas as grandes resoluções (para muitos já terminadas) somos assaltados por uma sucessão de notícias terríficas. Os Koalas à beira da extinção por força dos fogos na Austrália, os quais ardem desde Outubro. As mortes gratuitas e inexplicáveis de jovens, mesmo no final do ano. A condenação do Estado Português do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
A Princesa angolana parece cair do seu pedestal de super gestora e empresária… As sucessivas páginas e fotos coloridas de comida saudável sem glúten, sem açúcar, sem alergia, sem fosfato, sem sabor porventura... Sendo que, a grande maioria destas notícias remete para a ética e comportamentos éticos, criação de políticas públicas respeitantes da ética, incluindo a verde, boa justiça, mecanismos anticorrupção, fim do nepotismo.
Quantas vezes não se deixa a ética de lado só porque é mais barato, mais rápido ou mais fácil? Ser ético dá trabalho? Dá. Vale a pena? Sim. Entre a ética e a hipocrisia, o que escolher? Parece claro. Escolhamos assim pautar o 2020 por um comportamento ético e conforme ao direito. Como? Comecemos pelos cuidados básicos da poupança dos recursos. Consumir menos água nomeadamente.
Separar o lixo, reciclar e reutilizar. Podemos voltar ao tempo das Avós com o charme deste milénio. Com sacos de compras reutilizáveis e originais. Da diminuição do desperdício. Comprar menos, estragar menos. De cuidar da nossa saúde, dando uso aos ténis há tanto comprados, e usando menos o carro e mais os calcantes. Olhar para o que se compra. As frutas de Israel ou da África do Sul têm uma pegada ecológica adicional. Dizem os especialistas que os produtos da época fazem melhor, porque contêm menos aditivos, conservantes e químicos.
Comprar ético. Saber donde vem, como foi feito. Os artesãos são pagos? Ou são crianças escravas a costurar naqueles edifícios que de quando em vez são notícia, porque deflagrou um incêndio e pereceram umas centenas de pessoas? Se há uns anos muitos de nós se habituaram a virar os objectos ao contrário e quando dizia “made in Indonesia” não comprávamos como protesto por Timor, porque não estabelecer este cuidado e preocupação? Comprar eticamente.
Verificar se foram cumpridas regras ambientais, laborais e respeitados os direitos humanos. A sabedoria popular diz que «quando a esmola é muita o pobre desconfia» e que «o barato sai caro». Porque não usar este crivo nas nossas compras e verificar se o ser tão barato se prende com exploração infantil, destruição da floresta, corrupção.
A procura da ética conduz-nos, nalguns campos da nossa vida, a uma realidade mais séria, mais saudável, até mais orgânica de se ser e estar. Fazer mais, fazer melhor, cuidando do Planeta, do pequeno espaço de cada um, e respeitando e impondo esta seriedade, conduzirá certamente a pequenas transformações e a grandes exemplos.
Pense nisso quando for comprar presentes para o Dia dos Namorados ou se preparar para ir brincar ao Entrudo!
Alexandra Bordalo Gonçalves
Advogada
Rui Rego
Advogado