Das Notícias e do Direito
Regresso ao passado
3 de outubro de 2020
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Há um ano atrás, naqueles tempos do antigamente… falávamos de eleições e do exercício do direito de voto como, também, dever de cidadania.
Mais do que nunca, neste ano horribilis de 2020, se impõem deveres de cidadania, de respeito, de cumprimento de normas e deveres.
Todos temos de cumprir, de respeitar, para nos protegermos e aos outros. Outra das profundas alterações de 2020 é a imposição da adaptação, do ajuste, de fazer o possível, em muitas circunstâncias do impossível.
Se queremos viver, se queremos sobreviver, temos de mudar, de adaptar.
E não se use o cansaço como desculpa, pois cansados estamos todos! E com saudades, de abraços, de festas, de jantaradas, de sardinhadas, de concertos e de noitadas.
Pois bem, tenho assistido a excelentes adaptações, outras não tão boas e, ainda, as péssimas.
Por via da profissão, vejo pessoas da limpeza nos tribunais, quando antes só trabalhavam fora de horas. Vejo também, a diminuição das condições de trabalho, nas secções que funcionam sem ar condicionado, e que ao fim de umas horas ganham o aroma dos calabouços. Falta de higienização pronta, o que leva a tempos de espera entre diligências, absurdos. Ou testemunhas conduzidas à sala para aguardarem, onde ficam juntinhas pois o espaço não permite distanciamento!
Por outro lado, pedidos às Finanças feitos por email, têm resposta num prazo curtíssimo, útil e com superior eficiência e ganho de tempo que outrora se não via. Funcionários em teletrabalho, sem interrupções constantes de atendimento ao público dão resposta pronta e expedita.
Outros serviços, porém, são para esquecer. Contactar Conservatórias é uma odisseia, dificilmente os telefones são atendidos, os mails são respondidos largos dias, ou mesmo semanas, depois, e as marcações presenciais são surreais!
É do género, que somos tão modernos, que se renovam cartões de cidadão on-line, e depois o cidadão é informado da data para levantar, daí a 7 meses, sim, sete meses!!!
O primeiro sítio onde me mediram a temperatura foi num cabeleireiro, o segundo num hospital privado! Em nenhum outro local tal ocorreu!
Vejo dispensadores de álcool gel em muitos sítios, mas não vejo funcionários a cuidar da sua reposição ao longo do dia.
Não vejo funcionários a desinfetar cadeiras em salas de espera, de cada vez que alguém se levanta.
Assisto a todas as desculpas para tirar a máscara.
Vejo grupos de jovens e também de adultos, no exterior de escolas e universidades, sem máscara, pois estão a fumar!
Temos hoje meios muitíssimo superiores que os existentes aquando de outras pestes, como a espanhola. É certo que a globalização e a facilidade e rapidez de deslocação permitem e sustentam o contágio.
Mas pensemos no que temos, água em casa, desinfetantes à vontade, termómetros, máscaras, e informação, muita informação.
Então, façam o favor de ser cumpridores. Se fizermos o exercício de pensar naquela que era a nossa normalidade e no que temos vivido este ano, não há nada que saber.
Portugal não teve, até agora, os números trágicos de outros países, mas impõe-se arrepiar caminho e rapidamente.
Caramba, isto é uma pandemia, não é uma gripezinha, como alguns toleirões afirmam.
Saúde e prudência são o novo mantra, se queremos algum dia regressar ao passado.