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Opinião
Alexandra Bordalo – Advogada
Alexandra Bordalo
Advogada

Das Notícias e do Direito

O futuro a Deus pertence… mas acautelai-vos!

2 de junho de 2024
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Chegamos a Junho e começa a época dos casamentos.
O mês é bonito, antecipa o verão, tudo floresce, arreganham-se sorrisos e mostra-se a pele.
Muitas são as jovens, ou menos jovens, que casando iniciam uma grande mudança de vida.
Passam a ter uma casa, e a ter de fazer aquilo que, porventura, não tinham o hábito de fazer, compras, gestão doméstica, lides da casa.
Se muitos casais recentes fazem por dividir tarefas, noutros tal será uma aprendizagem.
Em número reduzido é certo, existem sempre algumas aves raras que vestem a pele da fada do lar e orgulham-se sobranceiramente da sua superioridade, porque limpam, cozinham e engomam melhor que qualquer empregada.
Note-se que, serão as mesmas que volvidos alguns anos, andarão a lamuriar-se quais mártires da lixivia em que fazem tudo e se não fossem elas viveriam num pardieiro.
Temos, igualmente, o fenómeno, sim persiste, de quem deixa de trabalhar.
Fá-lo porque o rendimento familiar é elevado, ou mesmo muito elevado. Umas vezes logo quando casam, outras quando são mães.
Não ignoramos o peso e angústia que representam deixar um bebé ao cuidado de terceiros, sejam os avós, uma ama ou um infantário.
Porém, o percurso da profissão mostra-nos como os comentários da Mãe, das Tias e de muitas Primas, eram acertados na maior parte dos casos. Ou seja, nunca deixar de ter rendimentos próprios.
Não julgo diminuídas aquelas que fazem a escolha de deixar de ter profissão.
Mas não concebo a falta de independência e autonomia.
Ou bem que se têm fundos próprios, ou ficar na estrita dependência da mesada que o cônjuge entrega, não é vida que me assente.
Vejamos: também acontece que quem ganha muito fica doente, tem acidentes ou vai-se de repente.
Ou, e isto não é incomum, se divorcie!
Aqui chegados, temos que alguém que não trabalhou nos últimos 10/20 anos, tem um vazio de curriculum, ausência de descontos, e tem de se fazer à vida!
Como? Caso não tenha bons contactos ou uma resiliência de ferro, terá muitíssimas dificuldades.
As pensões de alimentos ao cônjuge há muito que deixaram de ser regra.
E, de repentemente, toda uma realidade desaba.
É certo que muitos são os homens bem formados, em quem o sentido de família impera, e não é um divórcio que os faz abrir mão de responsabilidades ou esquecer decisões conjuntas.
Mas isto tende a ser a excepção e não a regra!
Por deformação profissional, antecipo mau resultado nestas decisões.
Inevitavelmente é a Mulher quem deixa de trabalhar, muitas vezes com a expressão fantástica de «não compensa, pois tem de pagar o infantário, as deslocações, etc, e só sobra x». quando o nível económico é superior, é porque quer cuidar da família…
Porém, a dependência financeira em que se coloca é dramática.
Muitos são os casamentos que perduram por estrita razão financeira. Uns são só infelizes, mas também os há abusivos.
Qualquer meia dúzia de anos de interregno na carreira ou no percurso laboral, impacta numa nova procura de emprego, bem como no percurso contributivo.
E isto não é de somenos.
Casai, juntai-vos e encantai-vos, mas procurem permanecer capazes e independentes.
É óptimo ter uma vidaça, mas convém precaver o futuro e os dias de chuva.
Nem sempre o amor é para a vida toda!

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