Anuncie connosco
Pub
Opinião
Alexandra Bordalo – Advogada
Alexandra Bordalo
Advogada

Das Notícias e do Direito

A Verdade da Mentira

7 de outubro de 2024
Partilhar

Vivemos tempos estranhos. Acredita-se em qualquer coisa que se lê nas redes sociais. Faz-se fé no que qualquer um diz.
Admite-se como normal a enxurrada de insultos e insanidades que muitos verbalizam.
Há uma demissão colectiva de pensar e o sentido critico pauta-se pela ausência.
Isto tanto ocorre em conversas de garotos, como em debates políticos.
Aceita-se como normal e adequada a mentira, a infâmia e o disparate.
Chegam-nos exemplos de todos os lados, dos Estados Unidos à Argentina, Brasil e cópias bacocas cá no burgo.
Ora, o que custa repor a verdade?
Quando era pequena não me davam respostas ou soluções, diziam-me «puxa pela cabeça».
O que se passa hoje?
Vejamos:
Ter uma Lei que permite o aborto, não obriga nenhuma mulher a abortar.
Ter uma Lei que permite, em moldes apertadíssimos, a eutanásia, não obriga ninguém a escolher fazê-lo, nem implica «matar velhinhos».
Defender o direito à autodeterminação sexual não impõe nada a terceiros.
E assim sucessivamente!
Custa-me a ausência de ideias e de princípios distintivos.
Choca-me o uso da mentira, da intriga, da falsidade e da calúnia pura e dura.
Mas se isto é mau, pior ainda é a turba amorfa que tudo engole, sem capacidade de destrinçar, de criticar, de analisar.
Temos ditados populares muito engraçados e que actualmente caem em saco roto, pois perdeu-se o interesse em «separar o trigo do joio», não há centelha de humildade «gaba-te cesto, que hás-de ir à vindima» e toda a gente fala sobre tudo, ainda que para evidenciar a sua ignorância, «quem te manda a ti sapateiro, tocar rabecão».
Enfim, não podemos aceitar como bons e válidos estes arroubos de gente que só sabe insultar, que mente leviana e impunemente e que é incapaz de argumentar, rebater ou refutar.
Eu, quando ouço certos candidatos, tendo a mudar de canal e ignorar e assim também me reduzo à mole humana que tapa os ouvidos.
Não e não.
Somos todos melhores que isto.
Não podemos aceitar que uma conspiração de estúpidos comande o mundo e mande em nós.
Levantar a voz, abrir os olhos e estar atento, não temer ser diferente, destacar-se do rebanho e assumir ter carácter, personalidade própria, e não uma qualquer emprestada.
Hoje escolho assinar diferente, mesmo sem ter um bichano.
The Cat Lady

Última edição

Opinião