Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL)
Leão apresenta demissão
11 de dezembro de 2024
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Acusado por muitos, incluindo membros do seu próprio partido, de populismo, Ricardo Leão demitiu-se da presidência da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL). O presidente da Câmara de Loures justificou a decisão para evitar que a polémica prejudicasse o Partido Socialista e para se concentrar em Loures.
Precipitação ou coragem?
Polémica e críticas internas
O antigo primeiro-ministro António Costa, juntamente com os socialistas José Leitão e Pedro Silva Pereira, assinou um artigo de opinião no qual criticam Ricardo Leão pela defesa do despejo "sem dó nem piedade" de inquilinos de habitações municipais envolvidos nos recentes distúrbios na Área Metropolitana de Lisboa. No artigo do «Público», intitulado "Em defesa da honra do PS", os autores afirmam:
"Quando um dirigente socialista ofende gravemente os valores, a identidade e a cultura do PS, não há calculismo taticista que o possa desvalorizar."
Reações à proposta de despejo
Fernanda Santos vereadora da CDU sublinha que a medida proposta por Ricardo Leão penaliza não apenas os acusados, mas também as suas famílias, incluindo crianças e idosos, nos casos em que os acusados sejam titulares das habitações. A socialista criticou a abordagem, afirmando:
"Trata-se de pôr mais achas na fogueira e de uma tentativa populista de dizer 'nós vamos ter uma ação musculada', 'nós vamos resolver'. Não é assim que se resolvem certamente estes problemas."
Fernanda Santos defende que a solução passa por um maior acompanhamento dos bairros e pela garantia de justiça, especialmente enquanto os factos relacionados com a morte de Odair Moniz continuam sob investigação.
Comunicado de Ricardo Leão sobre a sua demissão da FAUL
"Venho comunicar que apresentei a minha demissão de Presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do Partido Socialista.
Agradeço a solidariedade e o apoio expressado por todos os Presidentes de Concelhias da FAUL e por todos os Presidentes de Câmara Municipal eleitos pelo PS no Distrito de Lisboa. Não obstante, entendi ser esta a melhor decisão para me focar no meu trabalho na Câmara Municipal de Loures e prevenir que o Partido Socialista seja prejudicado por uma polémica criada pela descontextualização de uma recomendação aprovada por 64% dos Vereadores da Câmara Municipal de Loures.
Rejeito a associação entre criminalidade e imigração, que nunca fiz, nunca farei e que, isso sim, é atentatório dos valores humanistas do socialismo democrático e internacionalista.
Agradeço a defesa pública do meu trabalho autárquico feita pelo Secretário-Geral do PS, Pedro Nuno Santos. Continuarei a trabalhar no exercício do meu mandato popular como Presidente da Câmara Municipal de Loures, como sempre empenhado na aplicação dos princípios do socialismo democrático e do humanismo, que coloca as pessoas – em especial os mais desprotegidos, as mulheres e as crianças – no centro da ação política e das políticas públicas, com direitos e deveres iguais para todos e todas.
Focar-me-ei na recandidatura autárquica em Loures, ciente do importante trabalho que temos desenvolvido em prol de todos e de todas e que levaremos a sufrágio democrático nas próximas eleições autárquicas, confiantes de que o mesmo será favoravelmente avaliado pelo Povo de Loures."