Opinião Rui Jorge Rego
Pandemia, a transformação para o desenvolvimento sustentável
5 de fevereiro de 2021
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Eis que, depois de quase um ano confinados e a viver em estados de calamidade e emergência em 2021!
Quando a Pandemia chegou à nossa porta no início de 2020, vimos por essa Europa fora a repetição do mote Italiano “Andra Tutto Bene”, dando ao mundo um sinal de esperança numa resolução rápida e o menos dolorosa possível do surto epidémico que foi plantado no nosso imaginário pelos filmes de Hollywood e pelas TED TALKS futuristas de Bill Gates.
Entretanto, em Portugal, continuamos confinados, o tal confinamento que Antonio Costa anunciou várias vezes que o País não aguenta.
Vai mesmo ficar tudo bem? Não meus amigos, infelizmente não vai!
A pandemia, deixou-nos órfãos de pais, avós, tios, irmão, filhos e amigos, e deixou-nos, para já, órfãos de afetos que tanta falta nos fazem.
E vai-nos deixar também órfão de várias empresas e de milhares de postos de trabalho.
Segundo os dados de que dispomos (resultantes de inquéritos efetuados aos nossos associados), cerca de 88% das empresas sofreu uma quebra de faturação em resultado da Pandemia, sendo que destas, 30% tiveram uma redução superior a 75%.
Um número significativo destas empresas, aderiu aos apoios concedidos pelo Governo, nomeadamente Lay off (61%), moratórias bancárias (73%), flexibilização de pagamentos (57%), Linhas de financiamento bancário (73%) e teletrabalho (39%), que é como quem diz, endividou-se!
Sabemos hoje, em resultado do plano de vacinação que, se tudo correr como previsto - e não há certezas que tal ocorra – a normalidade voltará em Setembro, Outubro de 2021, altura em que atingiremos a imunidade de grupo.
Significa isto que num cenário ótimo, as empresas que resistirem à crise, voltarão ao nível de faturação que tinham antes do início da Pandemia, na melhor das hipóteses, no último trimestre de 2021, e até lá, se nada for feito, terão que iniciar os pagamentos das linhas de financiamento contratadas, das moratórias bancárias solicitadas e demais medidas adotadas, que, tendo ajudado numa fase inicial da crise, irão estrangular a tesouraria das empresas num futuro próximo.
Tudo isto, no meio de uma transformação digital pensada para um prazo de 5 a 7 anos, e que ocorreu em 5 a 7 semanas (passe o exagero), e que, no imediato, em decorrência do teletrabalho, alterou não só o modelo produtivo, mas também o modelo de liderança.
Esta nova economia digital, onde o e-commerce ganhará cada vez mais força, obrigará as depauperadas empresas a investir na modernização dos meios digitais, e na contratação / reconversão de trabalhadores, para enfrentar um mercado cada vez mais global, com a consequente alteração no modelo de captação e fidelização de clientes, pois passaremos a ter de medir não a experiência do cliente, mas sima a experiência digital do cliente.
E como se estes desafios não fossem suficientes, 2021 terá de ser ao ano em que as empresas terão também de investir num modelo sustentável de negócio, algo que nos parece ainda não estar enraizado nos nossos líderes, mas que terá que ser tido em conta num futuro próximo, de modo a que se atinja um equilíbrio entre o crescimento económico, a equidade social e a proteção do ambiente.
Como se diz no relatório Brundtland, a transformação tem de ser feita de modo a que “as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, ….sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.
E este desafio será tão ou mais importante do que a sobrevivência à Pandemia, ou a adaptação ao comércio com recurso às novas tecnologias. Não se enganem caros leitores do Notícias de Loures, a sustentabilidade será dentro em breve um facto determinante na escolha do consumidor e que não for sustentável pagará por não ter feito essa escolha!